Ensaio sobre a cegueira
José Saramago
Saramago era um gênio, e em sua
genialidade nos deixou uma das maiores obras da literatura portuguesa. O único Nobel
de Literatura desse idioma não usa pontuação, não dá nome aos personagens,
exigiu que, em países de língua portuguesa, a ortografia de Portugal fosse
mantida no livro, o que transforma a experiência de leitura, em vários
momentos, num jogo de adivinhação – acreditem, português do Brasil e de Portugal
são bem diferentes. Extravagâncias de um gênio que demonstrou que o ser humano
precisa perder tudo para perceber que ele é um animal como outro qualquer. Sem
nenhuma explicação, uma epidemia de cegueira – a “cegueira branca” – se alastra
pelo país, e acompanhamos a decadência de um determinado grupo, preso em
quarentena e jogado aos porões do ser humano. Quase um tratado de filosofia, a
comoção que a vida desses cegos causa-nos mostra “a responsabilidade de ter
olhos quando os outros os perderam”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário