Uma dose mortal
Agatha
Christie
Parte I
Antes de
falar propriamente sobre Uma dose mortal,
gostaria de falar de minha relação
com Agatha Christie... comecei a ler seus livros com 14 anos, há dez anos
atrás, o primeiro, O segredo de Chimneys. Desde que me lembro de minha
infância, me interessava por mistérios e coisas do gênero, e sempre ouvia falar
de Agatha Christie como uma escritora inglesa que se consagrou escrevendo
histórias de mistérios. Quando, finalmente, pude ler um livro seu, me apaixonei
pelo seu jeito de escrever, sua sagacidade, sua maneira irresistível de prender
o leitor, até descobrir enfim quem é o assassino. E Agatha sempre procura sair
do lugar comum – afinal, se a solução fosse óbvia, os livros não seriam tão
bons.
Depois
de Chimneys, passei um ano sem ler nada de Agatha, e aos quinze anos, descobri
uma prateleira gigante de Agatha Christie na biblioteca publica – na época, eu
não tinha grana para comprar livros, não tinha mesmo, então a biblioteca publica foi meu refugio. O primeiro livro
dela eu li graças a biblioteca da escola onde estudava, depois, todos os livros dela que li até meus 17
anos foram emprestados da biblioteca. O segundo foi O mistério dos sete
relógios. E minha cabeça explodiu de vez.....
Minha
relação com Poirot olha a frase solta, por incrível que pareça, demorou
para acontecer. Não lembro ao certo, mas acho que depois dos Sete relógios, eu
finalmente peguei um livro de Poirot. A internet não fazia parte da minha vida
(eu não tinha grana pra comprar livro, para internet então, nem se fala), e eu
não conhecia quase nada sobre a carreira de Agatha, assim não sabia que Poirot
e Miss Marple eram suas marcas registradas, suas maiores criações, então não me
preocupei em buscar livros protagonizados por eles. Mas como Poirot figura em
mais de 40 livros da Agatha, logo li um livro protagonizado pelo belga, nem
lembro direito qual, acredito que Poirot
Investiga foi o primeiro. Então Agatha me conquistou de vez. Me apaixonei
por Poirot a primeira lida..... sua mania por ordem, método e organização, me
cativaram, a ponto de seus momentos de chatice me causarem riso. Suas manias,
seu jeito rebuscado de se vestir, de arrumar os bigodes, sua aparência
caricata, possível apenas nas décadas antigas do século XX, são a marca
registrada dele, e Poirot só tem graça diante dessas peculiaridades.
Aos 16
anos a internet chegou para ficar na minha vida e pude cair de cabeça na
história de Agatha. Descobri que desde 1989 o ator David Suchet dá vida e alma
a Poirot numa série televisiva da Inglaterra. Alguns filmes foram feitos
baseados na obra de Agatha, e outros atores interpretaram Poirot, mas nenhum
teve capacidade de efetivamente viver Poirot como David Suchet, que
brilhantemente vive de verdade o detetive, com uma perfeição que encanta quem e
fã do belga, com todos os maneirismos, até a voz esganiçada – bem diferente da
voz de David, que tem uma voz bastante grave – e o jeito bizarro de caminhar.
Características que Suchet incorporou com perfeição.
Assim,
fui cada vez mais mergulhando nos livros que Poirot protagonizava, lendo às
vezes outras obras, mas não tinha nenhuma graça – apesar de terem ótimos livros
sem Poirot, como o famoso O cavalo
amarelo, mas falta alguma coisa.... e assim, sem querer, fui me afastando
de Miss Marple, até finalmente chegar em A testemunha ocular do crime. O livro
é demais, mas imediatamente antipatizei com a velhinha... confesso que fui
influenciada por gostar tanto de Poirot, Miss Marple é o alter ego de Agatha, uma velhinha simpática e sagaz, poderia ser
tia de Poirot (apesar dele também não ser jovem). O que me chateia nele, além
da ausência de Poirot, é que ele é, sim, uma velha intrometida que adora
fofocar. Se suas intromissões se limitasse ao mundo do crime tudo bem, mas isso
não é a causa, é a conseqüência. Jane Marple é uma detetive amadora porque é
uma fofoqueira metida que não tem o que fazer. Por isso não gosto da vovó
Marple.....
Até meus
18 anos tinha um levantamento perfeito de todos os livros de Agatha que li,
quando, em que ordem, depois algumas coisas aconteceram ara mim e preferi
enterrar o passado. Mas são quase cinquenta. Depois de 2008, comecei a
trabalhar, e meu tempo ocioso acabou. Comecei a ler numa velocidade muito
reduzida, conheci outros livros e abri meus horizontes literários, de vez em
quando lendo um livro de Agatha ali e acolá. Agora, dez anos depois, finalmente
retornei à dama do crime, relendo seus livros e tentando completar minha
coleção – já tenho 41, doa mais de 80 romances policiais que Agatha escreveu. E
finalmente li o último livro de Poirot que faltava, Uma dose mortal.
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