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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

#365Livros - #Livro350 - UMA DOSE MORTAL (I)


Uma dose mortal
Agatha Christie
Parte I

Antes de falar propriamente sobre Uma dose mortal, gostaria de falar de minha relação com Agatha Christie... comecei a ler seus livros com 14 anos, há dez anos atrás, o primeiro, O segredo de Chimneys. Desde que me lembro de minha infância, me interessava por mistérios e coisas do gênero, e sempre ouvia falar de Agatha Christie como uma escritora inglesa que se consagrou escrevendo histórias de mistérios. Quando, finalmente, pude ler um livro seu, me apaixonei pelo seu jeito de escrever, sua sagacidade, sua maneira irresistível de prender o leitor, até descobrir enfim quem é o assassino. E Agatha sempre procura sair do lugar comum – afinal, se a solução fosse óbvia, os livros não seriam tão bons.


Depois de Chimneys, passei um ano sem ler nada de Agatha, e aos quinze anos, descobri uma prateleira gigante de Agatha Christie na biblioteca publica – na época, eu não tinha grana para comprar livros, não tinha mesmo, então a biblioteca publica foi meu refugio. O primeiro livro dela eu li graças a biblioteca da escola onde estudava, depois, todos os livros dela que li até meus 17 anos foram emprestados da biblioteca. O segundo foi O mistério dos sete relógios. E minha cabeça explodiu de vez.....
Minha relação com Poirot olha a frase solta, por incrível que pareça, demorou para acontecer. Não lembro ao certo, mas acho que depois dos Sete relógios, eu finalmente peguei um livro de Poirot. A internet não fazia parte da minha vida (eu não tinha grana pra comprar livro, para internet então, nem se fala), e eu não conhecia quase nada sobre a carreira de Agatha, assim não sabia que Poirot e Miss Marple eram suas marcas registradas, suas maiores criações, então não me preocupei em buscar livros protagonizados por eles. Mas como Poirot figura em mais de 40 livros da Agatha, logo li um livro protagonizado pelo belga, nem lembro direito qual, acredito que Poirot Investiga foi o primeiro. Então Agatha me conquistou de vez. Me apaixonei por Poirot a primeira lida..... sua mania por ordem, método e organização, me cativaram, a ponto de seus momentos de chatice me causarem riso. Suas manias, seu jeito rebuscado de se vestir, de arrumar os bigodes, sua aparência caricata, possível apenas nas décadas antigas do século XX, são a marca registrada dele, e Poirot só tem graça diante dessas peculiaridades.


Aos 16 anos a internet chegou para ficar na minha vida e pude cair de cabeça na história de Agatha. Descobri que desde 1989 o ator David Suchet dá vida e alma a Poirot numa série televisiva da Inglaterra. Alguns filmes foram feitos baseados na obra de Agatha, e outros atores interpretaram Poirot, mas nenhum teve capacidade de efetivamente viver Poirot como David Suchet, que brilhantemente vive de verdade o detetive, com uma perfeição que encanta quem e fã do belga, com todos os maneirismos, até a voz esganiçada – bem diferente da voz de David, que tem uma voz bastante grave – e o jeito bizarro de caminhar. Características que Suchet incorporou com perfeição.

 
Assim, fui cada vez mais mergulhando nos livros que Poirot protagonizava, lendo às vezes outras obras, mas não tinha nenhuma graça – apesar de terem ótimos livros sem Poirot, como o famoso O cavalo amarelo, mas falta alguma coisa.... e assim, sem querer, fui me afastando de Miss Marple, até finalmente chegar em A testemunha ocular do crime. O livro é demais, mas imediatamente antipatizei com a velhinha... confesso que fui influenciada por gostar tanto de Poirot, Miss Marple é o alter ego de Agatha, uma velhinha simpática e sagaz, poderia ser tia de Poirot (apesar dele também não ser jovem). O que me chateia nele, além da ausência de Poirot, é que ele é, sim, uma velha intrometida que adora fofocar. Se suas intromissões se limitasse ao mundo do crime tudo bem, mas isso não é a causa, é a conseqüência. Jane Marple é uma detetive amadora porque é uma fofoqueira metida que não tem o que fazer. Por isso não gosto da vovó Marple.....


Até meus 18 anos tinha um levantamento perfeito de todos os livros de Agatha que li, quando, em que ordem, depois algumas coisas aconteceram ara mim e preferi enterrar o passado. Mas são quase cinquenta. Depois de 2008, comecei a trabalhar, e meu tempo ocioso acabou. Comecei a ler numa velocidade muito reduzida, conheci outros livros e abri meus horizontes literários, de vez em quando lendo um livro de Agatha ali e acolá. Agora, dez anos depois, finalmente retornei à dama do crime, relendo seus livros e tentando completar minha coleção – já tenho 41, doa mais de 80 romances policiais que Agatha escreveu. E finalmente li o último livro de Poirot que faltava, Uma dose mortal.

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