Uma dose
mortal
Agatha
Christie
Parte II
O livro
matou minhas saudades do estilo de escrita de Agatha. Imagine você, no
dentista, aquela situação horrível, em que você está virtualmente desarmado,
afinal, está com a boca aberta, extremamente desconfortável, poderia até ser
assassinado.... é nessa situação que os personagens se encontram, o grego
Amberiotis, a Srta. Sainsbury Seale, o milionário Alistair Blunt, entre outras
pessoas sofredoras por irem ao dentsta. Entre eles, um homem baixinho,
impecavelmente vestido, chapéu, bengala e bigodes. É divertido ver a situação
de Poirot.
“Mesmo
na vida dos grandes homens ocorrem situações humilhantes. É sabido que nenhum
homem é um herói diante do seu criado de quarto; e muito menos (deve-se
acrescentar) diante do seu dentista. Hercule Poirot sentia-se morbidamente
consciente disso. Sempre fora um homem acostumado a ter uma boa impressão de si
mesmo. Afinal ele era, realmente, superior a maioria dos homens em muitas
coisas. naquele momento, porém, sentia-se incapaz de qualquer sentimento de
superioridade: era um mortal como qualquer outro, apavorado diante da cadeira do
dentista.”
Poirot
ainda desfrutava da alegria de sentir-se aliviado por já ter passado pelo
dentista, já em casa, algumas horas após a consulta, quando o telefone toca.
Japp, o inspetor da Scotland Yard, amigo de Poirot, lhe avisa sinistramente que
seu dentista suicidara-se. Sim, Poirot sabe que um suicida, em geral, não passa
normalmente por uma manhã de trabalho para dar cabo da sua vida. Poirot sabe
também que uma mulher perdera a fivela de seu sapato bem na sua frente, pela
manhã, a Srta. Sainsbury Seale, e isso ficaria guardado em sua mente até o
momento oportuno.
Aliás,
chego ao ponto do titulo do livro atravessei toda a história esperando pela
dose mortal. Uma dose mortal de que? De nada! A melhor tradução para o título
seria a tradução usada pelo seriado “Poirot”, da Grã-Bretanha, que assisti no
Youtube (o seriado adaptou todos os livros em que Poirot figura, incluindo Uma
dose mortal): Seja sensato, amarre meu sapato. Como em vários outros livros, Agatha
utilizou de uma cantiga infantil para titular seu livro: One, two, buckle my
shoe, que não tem tradução para o português, o mais próximo seria algo como o
titulo que cite acima. Enfim, a tradução foi muito infeliz, pois o sapato de Sainsbury
Seale é uma das armas de Poirot para descobrir o assassino.
A
despeito da tradução do título, o livro é excelente, apesar do final ser meio
desanimador. Mais duas mortes ocorrem, e mais uma ocorreria, se não fosse a
incorruptibilidade de Hercule Poirot.
“Não me
interessa o país, e sim os indivíduos que tem o direito a vida e não podem ser
usados como fantoches.”
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