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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Resenha de "A batalha do Apocalipse"

Posto aqui a resenha muito bem escrita de Cris Lasaitis sobre o livro de Eduardo Sphor, "A batalha do Apocalipse". Mais uma opinião positiva sobre o primeiro livro do nosso autor nerd. Quem sabe você também se anima e entra nessa viagem muito bem escrita.

O livro conta a saga do anjo Ablon e seu séquito de anjos guerreiros, todos renegados, vivendo na terra entre os mortais e atravessando os milênios desde a expulsão do paraíso até os tempos do Juízo Final. A diferença fundamental entre anjos e homens é que os anjos não têm alma, nem paixões humanas: são movidos por objetivos maiores, têm uma personalidade estóica e uma inexplicável atração pelo combate. Nesse perfil, Ablon é o típico guerreiro solitário: lutador incansável, puro, movido por um ideal e até mesmo celibatário – exatamente como eram os heróis das novelas de cavalaria. Acontece que o arcanjo Miguel e Lúcifer, o príncipe que governa o inferno com mão de ferro, querem erradicar os anjos renegados, razão pela qual o exército de anjos caídos de Ablon está sendo caçado. Na sua jornada milenar pelo mundo, Ablon tem como sua única companheira a feiticeira Shamira, que conquistou a imortalidade com o domínio das artes da necromancia. Ablon e Shamira levam vidas solitárias, marcadas por encontros e desencontros através dos séculos e em grandes momentos da história humana. É fascinante a habilidade com que o autor desenha a trajetória dos protagonistas tomando confortavelmente como pano de fundo todo o planeta e a história da humanidade! A trama se passa em momentos e regiões tão diferentes quanto a Babilônia, a China, Roma, Alexandria, a Bretanha medieval, o Império Romano do Oriente, o Rio de Janeiro e a Jerusalém contemporânea – e mesmo as cidades bíblicas de Enoque e Sodoma – amarrando todos esses lugares e períodos dentro de uma única aventura, que se saiu muito variada e instigante.
É bastante interessante a forma com que foi tratada a coexistência dos universos: o mundo dos anjos que se liga ao dos mortais pelo “tecido da realidade”, que por sua vez pode se relacionar a outras teogonias, como os contos de fadas celtas e a mitologia chinesa.
Há um cuidado especial com as ambientações históricas, geográficas, técnicas e até mesmo bíblicas! É muito bom ler um livro tão rico e que passe as informações corretas, nota-se um profundo respeito para com a história e, principalmente, para com o leitor! Dentro da proposta do épico, o livro é praticamente perfeito. É uma história ambiciosa, variada, e constituída por uma pesquisa riquíssima. O texto é bem redigido e tem o ritmo certo. Apesar de ser um livro longo, não enrola o leitor. O universo tem consistência interna, é coerente e verossímil. E é bonito! Repleto de cenas grandiosas, é cinematográfico!
Eu comentei que o livro não é isento de clichês. Como no épico, tudo é idealizado: os personagens, as lutas, as situações. Em algumas circunstâncias, a idealização torna certos detalhes da trama bastante previsíveis, o que não prejudica a beleza e a força do resultado final.
Por uma questão de gosto pessoal, eu sou uma leitora que cochila em cenas de ação e de luta – curto mais a viagem, os questionamentos – então os últimos trechos, que contam a Batalha do Apocalipse propriamente dita, me pareceram um pouco cansativos. Em contrapartida, pude me deleitar em maravilhosas viagens com Ablon, Shamira e Flor do Leste (uma personagem de carisma irresistível) através da antiguidade.

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