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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Double damage

Pensar em destino, livre arbítrio, Deus, todas essas coisas, me fez chegar à conclusão de que a vida é um grande RPG. RPG, o Role-Playing-Game, é aquele jogo nerd em que os jogadores interpretam papeis. Existe o mestre, que ministrará toda a aventura, ou seja, ele cria o universo e expõe as regras, orientando seus personagens. Dentro daquele universo, o mestre é supremo, mas os personagens podem fazer o que bem entenderem. Ou seja, existe um universo delimitado com regras bem definidas, e o mestre é supremo. Mas os jogadores tem livre arbítrio para escolherem por que caminho seguirão. O mestre sabe exatamente onde cada caminho vai dar, mas não sabe qual a decisão do jogador, alias, talvez até saiba, se ele conhecer bem o personagem. Isso parece com algo que você já viu?
90% das guerras do mundo são causadas porque o ser humano não sabe chegar ao meio termo. 100% das discussões no mundo são causadas pelo mesmo motivo. Pessoas gastam horas, às vezes vidas, pensando e discutindo se existe destino ou livre arbítrio. A própria revista Superdesinteressante, neste mês de janeiro, dedicou sua capa a essa pergunta. O problema é que o ser humano só enxerga em linha reta. Ele acha impossível existir destino e livre arbítrio simultaneamente.
Vamos aos “fatos”: Primeiro: Deus existe. A partir desse “fato”, desdobra-se mais um: Ele é onisciente e onipresente. Ora, se ele é onisciente e onipresente, como pode existir livre arbítrio, se ele sabe de tudo? Ora, ele sabe de tudo, não significa que ele decidiu tudo. O tempo de Deus não é linear como o nosso. Pensem nisso.
A partir desses “fatos”, encontramos um terceiro: o destino existe, sim. Afinal de contas, você não escolheu nascer no Brasil, em 1989, ser da família Silva, pobre, morar no cafundó do Judas. Não escolhi nada disso. Foi Deus, o destino, o Universo, ou seja lá que nome você dê, que me jogou nessa situação. O mestre deu as regras. A partir delas, eu farei a minha vida.
O que nós nunca entenderemos é o fato de Deus ser onisciente. O tempo dele não anda como o nosso, como já disse. Ele sabe exatamente onde cada caminho aberto na nossa vida vai dar, mas nós somos livres para escolher esses caminhos. É o livre arbítrio que nos difere de qualquer outra criatura. Você é jogado num mundo pré-determinado, mas cada passo que você dá depende apenas de você. Portanto, neste grande RPG chamado vida, cuidado onde você joga seu dado.

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