Como eu havia dito sábado, o dia 18 de abril do santo ano de 2015 seria histórico para minha deprimente cidade e para mim, pois o Salão do Livro, feira de livros realizada pelo segundo ano consecutivo aqui em Lages, receberia a nobre visita de Luis Fernando Verissimo, um dos maiores (quiçá o maior) escritores brasileiros.
E lá fui eu assistir sua entrevista, que foi muito legal, muito mesmo, pois foi uma chance de conhecer melhor a mente e o estilo dele, que é uma pessoa extremamente simples para falar em público, extremamente humano, sem nenhuma vaidade e sem nenhum exibicionismo, fala com verdade, como se estivesse realmente conversando com você, expressa claramente sua inteligência e suas inspirações para escrever. Fiquei encantada com sua fala, sua perspicácia, tão latente nos livros e igualmente retumbante ao vivo.
A despeito de algumas saias justas na seção de perguntas abertas (para mim, esse negócio de o público fazer perguntas devera ser proibido por lei, pelo menos aqui em Lages...), prefiro não comentarrrrrrr... tampouco sobre algumas gafes imperdoáveis da organização do evento, que, talvez, não tenha se tocado de que Verissimo é um senhor de 79 anos, que merece o maior conforto possível para uma entrevista de uma hora e uma seção de autógrafos de duas. Não, afirmo, por ser famoso, de maneira alguma, mas por ser uma pessoa idosa.
Mas não quero bater na tecla das gafes, mas falar da minha experiência com o autor. Já havia ficado extremamente nervosa há alguns anos, quando tive a honra de conhecer Eduardo Spohr, e quase tive uma síncope quando cheguei perto do escritor para pedir seu autógrafo. Sim, tenho vergonha disso. Ontem não foi diferente. E, talvez, pior, afinal, era Luis Fernando Verissimo, um escritor consagradíssimo e que tem idade para ser meu avô. Estava nervosa, de livro na mão, subindo no palco para pegar o autografo, pensando no que falaria para ele, de que forma, e ao chegar ao seu lado NÃO FALEI NADA!
Simplesmente não tive coragem de falar. É claro que não faria como a maioria das pessoas sem noção que subiram para pegar o autógrafo, e, chegando no autor, davam discurso, com direito a tapinha nas costas e foto sorridente. Será que as pessoas não se tocam como deve - e é - ser cansativo ficar duas horas sentado em uma cadeira horrível parabéns organizadores dando autógrafo e ainda ter que aguentar os chatos que vem me contar a história da sua vida?
Como disse, não ia dar discurso, mas gostaria, ao menos, de agradecê-lo pela delicadeza de aceitar visitar nossa cidade maldita, e dizer a ele que suas crônicas fazem parte da minha vida desde meus 14 anos, e que seus textos ajudaram a moldar meu gosto literário. Queria apenas dizer isso. Porque os autores dos livros que lemos, sem querer, se tornam próximos de nós, falam conosco pelas suas histórias, pelas suas palavras. E assim foi Verissimo para mim, alguém que parece ser meu amigo quando leio seus livros e dou risada, tentando afastar os problemas. Estava lendo um livro dele, há dez anos atrás - acho que era O analista de Bagé - quando recebi a notícia de que meu padrinho havia falecido.
Não consegui dizer uma palavra sequer além de Boa noite, Larissa, e obrigada. Mas aqui está meu autógrafo, uma relíquia eterna, que guardarei com o maior carinho do mundo. Mais uma missão cumprida. Agora só falta conhecer a J. K. Rowling, o Umberto Eco, o Bernard Cornwell...
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