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domingo, 16 de março de 2014

Vitória, fica com Deus.

10 de março de 2014. Foi um dia muito estranho.

Acordei, meio estranha, como nos últimos meses. Levantei, escovei os dentes, lavei o rosto, troquei de roupa, comi um pedaço de pão. Li um pouco. Dei comida para minha gata. Fui trabalhar.

Mal cheguei na escola, o Henrique me parou. "Professora, tem AABB hoje?". "Não, só semana que vem. Porque?". "Ah, é que vou no velório da minha prima, a Vitória".

Quando o Henrique disse isso, a primeira coisa que pensei foi "O Henrique tem duas primas chamadas Vitória". Porque eu não concebia que fosse a nossa Vitória.

Subi para meu recinto de trabalho, a secretaria. Liguei o computador e fui à sala dos professores buscar a chave para abrir os banheiros. Minha chefe estava lá. Entrei, e ela me olhou, e disse com a delicadeza de um rinoceronte. "A Vitória do 2° ano morreu".

Difícil aceitar a morte. Mais ainda quando ela vem bruscamente, e mais ainda quando leva uma criança. Como o Sérgio me disse na terça feira, a morte de uma criança é algo revoltante. Vitória tinha 7 anos, era muito arteira e inteligente. Morreu eu um acidente de caminhão, que também levou a mãe e o padrasto. A irmã mais nova sobreviveu, salva por Vitória, que dormia sobre ela. Morreu dormindo nossa Vitória. 

O dia foi pesado, horrível. As crianças menores não processavam direito o que acontecera, para eles a morte é só uma viagem, uma viagem looonga. Somente uma colega da Vitória ficou realmente chocada. Ela era muito amiga da Vitória, e muito madura, e percebeu que a Vitória não voltaria. Jaque, professora da Vitória, ficou tão abalada, de uma maneira que eu não esperava. Foi triste, cruel, pesado. Ainda não desceu.

Isso é só um desabafo. Uma muito singela homenagem para alguém que teve sua vida ceifada tão cedo e de maneira tão horrível. Nossa vida é tudo. Vitória, fique com Deus, olhe por nós aí do céu. Obrigada por ter passado por nossas vidas.


2 comentários:

Marvin (Sérgio Rodrigues) disse...

Essas injustiças da vida é que me revoltam. Dizem que nós responderemos por nossas falhas. Eu pergunto: Quem responderá pela morte de uma criança inocente?

Larissa Silva disse...

Pois é. Perguntas que não conseguimos responder. Eu espero que alguém esteja de alguma forma respondendo.