Finalmente
assisti Man of Steel. Já
foi há algumas semanas, e eu estava lendo outras resenhas e críticas, e ouvindo
podcasts antes de postar aqui minha opinião.
Após anos aguardando uma releitura de Superman, esperando que
fizessem algo no nível de qualidade cinematográfica que existe hoje, minha
espera foi recompensada. O ator Henry Cavill - que interpretou o filho do Conde
de Monte Cristo na versão para cinema da obra de Alexandre Dumas – cumpriu bem
seu papel, trazendo para a telona um Homem de Aço condizente com a condição de
“alienígena tentando se adaptar”, pois essa é a realidade de Superman. Nolan (produtor), Goyer (roteirista) e
Snyder (diretor) fizeram também uma Krypton excelente, numa mistura de tecnologia,
fantasia e superioridade de raças que impressionou. A idéia de uma sociedade
onde cada indivíduo tem sua função, como em uma colmeia, nos fez entender
porque Jor-El não tinha influência para tentar salvar alguém além de seu
próprio filho, pois ele não era um guerreiro, ou alguém influente no governo
desta sociedade, era um cientista que prestava serviços e cumpria ordens, e foi
rebelde o suficiente para arriscar sua própria vida e liberdade salvando seu
filho e com ele o código genético de toda uma raça.
Em minha opinião, Nolan fez com Superman o que já havia feito
de maneira magistral com Batman: Transformou a lenda em algo aceitável, algo em
que podemos acreditar. Seria possível existir um milionário deprimido com a
morte dos pais, com traços de psicopatia e excelente treinamento militar e
tecnológico, que combatesse o crime nas noites de uma cidade corrupta. E se um alienígena fosse enviado à Terra para
viver entre humanos, sua vida seria uma eterna luta entre se esconder, se
adaptar e tolerar a fraqueza e a soberba humanas, exatamente como foi mostrado
no cinema. Nolan e Snyder tornaram isso aceitável e possível. Outro ponto
positivo do filme foi a maneira de relatar alguns fatos importantes da infância
de Clark sem nos cansar com uma narrativa direta, mas intercalando essas
lembranças entre um acontecimento e outro, nos ajudando a entender a
personalidade e o caráter do herói.
Quero combater aqui algumas críticas que ouvi e li em alguns
sites e podcasts, Principalmente no JOVEM NERD. Em primeiro lugar, para
entender o filme é necessário esquecer os filmes anteriores. Podemos até manter
“alguns elementos” dos filmes, séries e HQs, mas vamos tomar este filme em
particular como uma das primeiras aventuras, ou a primeira aventura do Homem de
Aço como adulto.
Alguns integrantes do Nerdcast criticaram a troca do tema
musical original pela excelente música de Hans Zimmer. Eu acho aceitável, pois se
trata de uma releitura, e contanto que não seja modificada a idéia principal –
o que não aconteceu – não há motivo para reclamação. As músicas do mestre Hanz
Zimmer sempre são marcantes e excelentes, e tornam-se temas épicos. Achei
interessante o “crescendo” empregado na melodia, que faz com que a música se
relacione com o que a história é. Representa bem a trajetória do herói, e seu
crescimento e reconhecimento de sua importância na salvação da humanidade.
Outro fato criticado, desta vez pelo nosso amigo Fernando
Russel (Tucano) foram as mortes de pessoas comuns, civis, que ocorreram no
desenrolar da história. De acordo com Tucano, a culpa destas mortes cabe ao
Superman. Na verdade, é uma afirmação sem base, pois se em uma guerra entre
humanos sempre há vítimas civis, é impossível que em um combate de semideuses
no meio de uma cidade super populosa não ocorram mortes acidentais. Acabou a
falsa idéia de que Superman pode salvar a TODOS. Ninguém pode. Ele é a
esperança para a humanidade de uma maneira geral, mas, como em toda luta por
paz e liberdade, haverá sempre mortos pelo caminho. Superman não é Deus, é um
alienígena tentando defender um povo que nem mesmo é o seu povo. E ele estava
se adaptando, conhecendo seus poderes e seus limites, não havia muito que fazer
para impedir a morte de inocentes. Já no caso da morte de Jonathan Kent, Clark
poderia ter corrido até ele e salvado sua vida sem ninguém perceber, mas o que
o filme quer nos mostrar ali é a pressão que havia sobre o herói para que ele
não mostrasse seus poderes em público, mesmo quando seu próprio pai corria
risco de morte.
Fiquei impressionado pelo fato de o Jovem Nerd e o Azaghâl
desconhecerem o significado do “S” da roupa do Superman. Esse fato já foi
explicado em SmallVille, a série. O suposto S faz parte da linguagem de Krypton,
é um símbolo representando a esperança. Como eu disse anteriormente, devemos
manter “alguns elementos” anteriores, que nos permitirão evitar certas dúvidas.
Como o S já existia na roupa de Jor-El, talvez fosse um brasão da própria casa
de El, e tornou-se algo especial, já que o Homem de Aço foi enviado como uma
esperança para a humanidade. E o nome da kryptoniana, Faora, também não foi
novidade. Este nome foi usado na série já citada.
Muitos se perguntaram por que Jor-El e Lara não fugiram junto
com seu filho. Eu respondo: Porque a história não é essa. Já foi um risco
enviar o bebê, já foi uma sorte a nave ser encontrada pelos Kent e Kal-El ser
criado por eles. Imagina que ótima recepção teria na Terra um casal de aliens e
seu bebê... Outro fato que muitos desconhecem é que os pais sempre se
sacrificam por seus filhos.
O general Zod era um vilão DO PONTO DE VISTA DA HUMANIDADE,
pois o seu objetivo era salvar o SEU povo, criando uma nova Crypton,
independente do que seria necessário fazer para isso. Ele era um militar, e
agia como militar, o que justifica seus atos. Ou você acha que a humanidade não
faria o mesmo com outro planeta caso tivéssemos tecnologia pra isso? Quantas
vezes na história mundial vimos impérios tomarem outras terras e exterminarem
outros povos apenas por ganância e sede de poder? Não existe falta de propósito
no vilão, como foi dito por muitos.
Há fatos desconexos no filme? É claro que há, eu não nego
isso, mas esses fatos não tornam o filme ruim. Analisando a questão da falta de
treinamento do herói, e do desconhecimento de sua missão, talvez ele não
desconhecesse totalmente seu propósito, mas, como sabemos, entre teoria e
prática há um caminho a ser trilhado.
O filme, que foi taxado por muitos de “barulhento” e “sem
enredo” é uma excelente releitura de Superman, feito para uma nova geração de
fãs. Mais um sucesso de Nolan e Snyder. E mesmo que não ganhe nenhum Oscar, não
deixará de ser excelente, pois o Oscar também é feito de opiniões, que nem
sempre são boas. Que venha o segundo filme!
(fotos: divulgação)
Nenhum comentário:
Postar um comentário