Poirot contemplando a "extravagância"
A capa da minha versão, da Record (a de cima é da Altaya, que tem as capas mais legais, por sinal), está aqui somente por nostalgia minha...
A
extravagância do morto
Agatha
Christie
Quando
ouvir falar desse livro pela primeira vez, pensei “Caraca, deve ser um
milionário maluco, estilo Sílvio Santos, cheio de não me toques e excentricidades,
que todo mundo odeia e acaba sendo morto da maneira mais violenta e
sanguinolenta possível. Deve ser fod@”. Ou seja, criei meu próprio livro. Qual
não foi minha gigantesca decepção quando descobri que a “extravagância” não
passava de um jogo de palavras de Agatha, intraduzível para o português. A
palavra Folly, segundo nota do próprio
livro, significa loucura, excentricidade, como na língua portuguesa, mas também
é uma expressão idiomática, uma gíria do inglês para construções exageradas,
extravagantes, consideradas inúteis. Essa confusão é aproveitada na própria história.
Ariadne Oliver, a escritora de romances policiais criada por Agatha, é
contratada para criar uma “caçada ao detetive” para divertimento de fim de
semana de uma família extravagante. Oliver, amiga de Poirot, chama o belga para
ajudá-la a tornar a brincadeira mais “realista”, com a presença de um detetive
que parece qualquer coisa, menos detetive. Mas tudo bem. Quando Oliver
apresenta a propriedade para Poirot, e lhe mostra a “extravagância”, ele fica “boiando”.
“Que é isso, extravagância? Um baile de
mascaras”, diz o detetive. Poirot é belga, e provavelmente não conhecia a gíria.
Apesar
da minha decepção, e da volta enorme que fiz, o livro é bom, muito bom. Ariadne
Oliver organiza a brincadeirinha, com tudo que tem direito, armas, suspeitos, e
uma moça muito interessante fisicamente para “interpretar” o cadáver. O
problema é que, no final da brincadeira, a moça deixa de interpretar e se torna
um cadáver de verdade. E Poirot tem de parar de brincar de detetive e entrar em
ação.
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