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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Classes sociais e manipulação de massa

Novamente estive pensando sobre o livro 1984, de George Orwell. É difícil falar sobre manipulação de massa sem falar de classes sociais, ou vice-versa. Você já parou para pensar que a classe baixa (eu não gosto dessa definição) é que move o mundo financeiro? É o trabalho deles, o esforço deles, o resultado deles - que obtém este resultado muitas vezes sem entendê-lo muito bem, ou sem compreender o que estão fazendo – que faz com que a economia gire. É triste, mas é a realidade.
 
Assim que a Idade Média acabou, e os senhores feudais se foram, uma nova forma de economia e classificação social entrou em vigor: havia os nobres, os burgueses e a classe operária. O nobre era assim chamado não apenas por seu dinheiro e bens, mas por sua origem, seu nome, sua família, sua influência na sociedade da época. Os burgueses lá estavam apenas por seu dinheiro e seu comércio. E a classe operária fazia o trabalho que era necessário para que tudo funcionasse. Sendo assim, era impossível um burguês se tornar nobre, ou um operário se tornar nobre. Havia um abismo entre a nobreza e o resto do povo. Um burguês poderia perder seu dinheiro e seu negócio e se tornar um pobre operário. Um operário poderia receber um bom dinheiro, ou economizar, ou se associar com outros operários e se tornar burguês. Mas nenhum dos dois chegaria a ser um nobre. NUNCA.
Hoje, nos consideramos libertos desta distinção social. Ou pelo menos alguém nos disse que somos iguais. A nossa Constituição afirma isso. A Igreja afirma isso. Mas somos realmente iguais? Estamos realmente livres da distinção social? Não esqueça que estamos falando de ECONOMIA, DINHEIRO, PODER. Somos iguais como seres humanos, e uns são melhores que outros em conhecimento, inteligência e capacidade. Mas na sociedade, há um abismo entre nós e os poderosos. E o pior, é que os pequenos fazem a roda girar para manter a riqueza dos grandes. Isso é assim em todo lugar.
Exemplo: Um poderoso homem de negócios quer enriquecer ainda mais, e faz uma reunião com os CEOs de suas empresas, pedindo mais lucro, mais desenvolvimento, mais retorno. Cada CEO chega em sua empresa e reúne-se com seus gerentes de setor, traçando um plano de vendas ou produção para aumentar os ganhos da empresa. Cada gerente repassa as cobranças aos supervisores de sua área pedindo retorno. Os supervisores implantam o novo plano, e exigem dos TRABALHADORES o retorno esperado: MAIS PRODUÇÃO, MAIS VENDA, MAIS CLIENTES. E quando a classe operária realiza o que foi exigido, muitas vezes por medo de demissão ou de avaliações comprometedoras, o retorno que é obtido atinge quem? O HOMEM DE NEGÓCIOS, e, no máximo, os CEOs. É assim que funciona. E o país caminha da mesma forma. O “povão” é necessário. E quanto mais ignorantes, melhor.
Um povo ignorante não reclama! Um povo ignorante se contenta com churrascos aos domingos, cerveja e mulheres gostosas na TV! Um povo ignorante acha que a vida está ótima quando pode comprar um carro parcelado em 60 vezes e uma geladeira nova parcelada em 12 vezes! Um povo ignorante canta frases repetitivas que falam de sexo e bebedeira, e PENSA que é feliz! E “a nobreza” quer mantê-los assim. Cantando e trabalhando. Enquanto a classe operária puder ter na carteira meia dúzia de cartões de crédito e um carro novo na garagem, está tudo bem. Evitam-se os livros com a televisão, onde políticos falam que o Brasil é agora uma “potência mundial”, e o povo bate palma.
Somos pobres ignorantes, mas ficamos bravos e magoados quando alguém como o Ziraldo se levanta e afirma que somos pobres ignorantes! Não dá pra entender. Nem precisamos de um Grande Irmão, já estamos manipulados, já somos, como diz Zé Ramalho, “povo marcado, povo feliz”! E isso não vai mudar enquanto a “classe baixa” não estiver disposta a abandonar o lixo que chama de cultura, e estudar, progredir, cobrando para si um retorno real, e não um carro parcelado em 60 vezes. A nobreza, a classe alta, quer nos dar um FALSO STATUS, mantendo-nos presos a coisas que compramos sem precisar. Sabem como pensamos, e sabem que, infelizmente, vivemos de aparência. E pra haver uma igualdade de classes, precisamos deixar a aparência de lado, e cobrar o que é nosso. Não precisamos ser milionários, mas queremos apenas o que é nosso por direito, e que no papel é um texto muito bonito, pena que não é verdade.
 
(Mafalda - Quino)

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