Submarino

sábado, 6 de novembro de 2010

Enem 2010

Meu nome é Larissa da Silva Costa, tenho 21 anos. Formei-me no ensino médio em 2005. Sou técnica em química, ex-funcionária publica e resido em Lages, Santa Catarina. Literalmente acabei de sair da prova do enem, estou numa lan-house, e venho aqui mostrar minha indignação, já que é a única coisa que está ao meu alcance. Até quando o governo do PT – que, a propósito, se prolongará por mais quatro anos – vai fazer o estudante brasileiro de palhaço?


Vamos aos fatos. Adolescentes colocam garrafas d’água sobre suas mesas de prova, devidamente sem os rótulos. Ok. Mas então, porque se permite que os estudantes comam balas e chocolates, fazendo barulho durante a prova toda, com toda aquela papelada em sua frente? E os fiscais, não fazem nada? Deixam passar? Rotulo de água não pode, mas papel de bala pode? Enfim, se fosse só isso eu não me daria ao trabalho de, cansada, parar numa lan house para reclamar. Faltavam cinco minutos para o início das provas, e uma estudante repara que o gabarito está errado: as questões referentes à prova de ciências sociais são de 1 a 45 no caderno, mas de 46 a 90 no gabarito, e o inverso com as questões de ciências naturais. Ora, como isso? Como eu vou saber em qual sequência o gabarito corretor se orientará? E se as questões de todos os estudantes forem corrigidas inversamente, perdemos nosso tempo para nossas provas serem anuladas? Mas não pára aí.

A prova do caderno amarelo, segundo relatos – minha prova era azul – foi uma legítima afronta à decência. Questões repetidas, questões faltando, uma bagunça generalizada que sem dúvida colocou em risco o desempenho dos alunos que tiveram a infelicidade de receber esse caderno. Como preencher o gabarito com questões repetidas? Como responder as questões que estão faltando? Como as provas desses alunos serão corrigidas? E os incompetentes dos fiscais – sim, eles são professores – que não forneciam nenhuma informação substancial, apenas gaguejavam diante dos problemas? Ora, os fiscais não são culpados, lógico, mas estão lá exatamente para fiscalizar, não para cruzarem os braços e mandarem os alunos tirarem a sorte para preencher o gabarito. Na minha sala, a fiscal queria proteger um marmanjo que teve a capacidade de deixar o celular ligado, e este, faltando 10 minutos para as cinco da tarde, berrou em plena sala de prova. Por sorte, um fiscal chegou à sala e desclassificou o rapaz.

Diante disso, pergunto: onde está a organização nesse governo que permite que uma prova desse naipe seja aplicada no país todo, para milhões de estudantes? Como ficam nossas bolsas de estudo do querido prouni, que dependem desses resultados? Como ficam os estudantes, que dependem dessa nota para entrar na universidade? Antes de tudo isso, como ficamos nós, que fazemos de tudo para nos concentrarmos para responder uma prova que, além de mal elaborada, apresenta esses erros violentos, patéticos? E se essa prova for anulada, meu colega que fica 12 horas por dia fora de casa durante a semana, por causa do trabalho, perdeu também todo um final de semana, que poderia ter aproveitado cuidando da filha e estudando para sua faculdade? Que espécie de organização é essa? Até aonde isso vai, senhor Luis Inácio? Ate onde, dona Dilma?

Envio esse texto num ato de indignação e revolta. Para muitos estudantes, o enem não passa de uma obrigação idiota. Para muitos, porem, é uma prova vital, que o ministério da educação permite que se aplique dessa forma. Por toda essa revolta, eu escrevo e encaminho à vocês esse texto. Façam o que quiserem com ele, ou não façam nada. Mas vocês, que tem alguma influência, que me falta, declarem a falência do enem, que, enquanto continuar assim, será uma forma de iludir o povo brasileiro, que continuará achando que o governo faz muito pelo estudante do país. Na verdade, faz pior do que nada, prejudica, nos roubando tempo, dinheiro e paciência. Chega de palhaçada.

Um comentário:

Marvin disse...

É, Lari, a educação vai de mal a pior, começando pela avaliação...