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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Memórias do Século XXI - por Max Gehringer (Capítulo 3)

Capítulo 3

JORNADA

Trabalha-se oficialmente 2 horas por semana, mas já há rumores de que a jornada será reduzida para 100 minutos semanais. O que, tirando o tempo necessário para o sono e as inconveniências fisiológicas – que não sofreram alterações nos últimos 100 000 anos -, dá umas 120 horas ociosas por semana. O professor Domenico De Mais, que vive em estado de hibernação metafísica na Itália, afirma que isso é um absurdo, e defende a tese de que no futuro trabalharemos 100 minutos por ano. Mas o problema, mesmo é que nunca conseguimos nos acostumar com o ócio. Por isso, nossa maior fonte de renda atual é a hora extra – fazemos, em média, 14 delas por dia, inclusive aos sábados.

 
EFEITOS COLATERAIS

Hoje, megacorporações vêm se questionando se essa troca do trabalho grupal pelo individual foi realmente um progresso. Primeiro, porque ninguém mais conhece ninguém, já que os “colegas” viraram imagens digitalizadas. Segundo, porque todo mundo ficou sedentário e engordou uma barbaridade. E terceiro porque os antigos executivos eram estressados, e os novos sucumbem à depressão, o que acarreta muitos suicídios (ou, em linguagem ciberneticamente correta, self alt+ctrl+del). O maior guru de administração do século XXII – Tom Peters, vivendo confortavelmente em estado gasoso, num tubo de ensaio – publicou recentemente um artigo que está causando uma comoção corporativa. Ele defende a tese de que “nada substitui o contato humano”. Incrível, dizem seus fiéis admiradores, que ninguém tivesse pensado nisso ainda.
(continua)

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