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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Analise psicológica das mentes perturbadas de "A Câmara Secreta"

Problemas psicológicos qualquer um de nós está sujeito a ter. Particularidades de gostos, traumas, opiniões. Todos nós somos grandes rios, imensos, onde correm nossas características mais intimas. Medos, alegrias, moral, traumas. Em Harry Potter e a Câmara Secreta, temos, particularmente, quatro personagens em especial que são “rios” interessantíssimos de se analisar, e tentar descobrir os motivos que os levaram a tomar certas atitudes ou a se comportar de determinadas maneira em determinado momento.

1° - RONALD WEASLEY

O menino caçula dos Weasley se habituou a usar as roupas velhas dos irmãos mais velhos, o material escolar usado dos irmãos mais velhos, os brinquedos dos irmãos mais velhos... no entanto, Rony lida bem com a situação financeira precária de sua família. A despeito de ficar revoltado, às vezes, essas coisas não são motivo para retirar seu bom humor e seu bom relacionamento com a família. Seu trauma é outro. Rony tem medo de aranhas, mas não é um medinho, como nós mesmos às vezes temos, nem medo de um garoto covarde. Quando era mais novo, os seus irmãos gêmeos desmiolados Jorge e o falecido Fred Weasley resolveram se divertir transformando um bicho de pelúcia companheiro de sono do menininho Rony em uma aranha gigantesca que se movia e sacolejava suas oito despropositadas patas ameaçadoramente. Foi o suficiente para o garoto ficar traumatizado para o resto da vida.
Imagine que a bruxaria apresentada no universo de HP realmente existisse. Imagine um psico-bruxo, especialista em tratar pessoas com traumas, confusões, depressão, estresse da vida bruxa moderna. Ele perfeitamente poderia atender Rony e cravar seu trauma agressivo, comprovado pela reação do garoto, descrita com precisão no livro. Sempre que é confrontado com o animal octópode, Rony demonstra mais do que medo, apresenta verdadeiro choque, como se fosse paralisado. Esse comportamento é visto com clareza maior ainda no capítulo em que Harry e Rony vão até a floresta proibida e encontram Aragogue, uma aranha gigantesca, do tamanho de uma casa bem pequena, que fala e bate as pinças de veneno escabrosamente. Enquanto Harry troca uma ideia com a aranha, Rony está paralisado, o sangue provavelmente correndo muito devagar pelo corpo, o cérebro em torpor, como se tivesse tomado por maconha ou narguilé.
Imagine você, uma criança bruxa que está agarrada a seu ursinho de pelúcia amigo de todas as horas, e de repente, de repente mesmo, você tem no colo uma aranha peluda e quase maior que você, a ponto de te agarrar com patas compridas e nauseantes. É um trauma mais que justificável. Ao contrario do que é visto no filme, Rony é um garoto corajoso, que não mede esforços para ajudar seus amigos. Nos filmes, Rony é sempre o amigo covarde e meio desmiolado. Em Câmara, Rony, diante das aranhas, fica a todo tempo resmungando como um bebê chorão. No livro, Rony mergulha em seu transe viperino. Como se não bastasse a presença de Aragogue, um sem numero de aranhas menores, do tamanho de pôneis, filhos e netos e bisnetos de Aragogue, circundam a cena. Sem contar que foram essas aranhas que levaram os meninos, agarrados entre suas patas agressivamente compridas e cabeludas, à presença de Aragogue. No final do papo de Harry com a aranha-pai, eles conseguem fugir das aranhas assassinas, que tinham como objetivo devorar os dois garotos. Na segurança da casa de Hagrid, após o passeio fatídico, um Rony completamente traumatizado, mas corajoso e leal aos amigos, finalmente se entrega e vomita agressivamente no quintal da casa. Por muito menos, pessoas mais velhas e sensatas ficam traumatizadas pelo resto de suas vidas. Não é sua culpa. O cérebro canaliza e guarda nos arquivos correntes as coisas mais importantes e marcantes da vida. Esses traumas ajudam o ser humano, as vezes, a se proteger, ser precavido, não se arriscar a toa, não entrar em plena madrugada em um terreno de sua escola proibido a você, aluno, a procura de aranhas sanguinárias, essas coisas.

Continua.

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