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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Hamada Ben-Amor, o Embaixador da Primavera Árabe

Rais Le Bled (Presidente, o seu País). Esta é a música da Primavera Árabe, este é o canto da Liberdade, da luta armada, da revolta do povo, do sacudir do jugo da opressão. É a música de um jovem tunisiano de 22 anos, o rapper Hamada Ben-Amor, que usa codinome de El General:
 
"Senhor Presidente, tem gente morrendo de fome.
Pessoas viraram animais.
Vejo a polícia vindo, com os cassetetes.
A Constituição foi dissolvida em água. Então beba.
Ouço acusações inventadas. Os lacaios do Governo sabem a verdade.
Você me disse para falar sem medo, mas sei que vou apanhar por isso.
Até quando a Tunísia vai viver no mundo dos sonhos?"
No auge das manifestações da Tunísia, El General foi preso e torturado por três dias. Mas depois foi solto. Ben Ali, da Tunísia, caiu. Não se pode matar a música. E a música de El General tornou-se o hino de guerra da Praça Tahrir, no Cairo. E Hosni Mubarak caiu também. Vitória da música contra a injustiça e opressão. Isso me lembra a Marselhesa, incitando o povo francês a pegar em armas e marchar, saciando a terra com sangue impuro.
 
 
Enquanto isso no Brasil, o povo canta junto com michel teló (com minúsculas mesmo), com luan santana, com pagodeiros, sertanejos, sambistas e funkeiros. Letras que só falam em sexo e drogas, e humilham as mulheres (que infelizmente gostam de ser tratadas como objeto de luxo e luxúria). Foi-se o tempo – como disse Herbert Lemos de Souza Vianna, dos Paralamas do Sucesso – em que fazer música era um ato político. Foi-se o tempo em que uma letra de música incomodava tanto as autoridades que fazia com que shows fossem cancelados e músicos fossem presos. Hoje nossos ~cantores~ e ~compositores~ fazem letras que mantém o povo na ignorância, o que me faz lembrar do livro 1984, quando fala que o povo cantava letras que grudavam em suas mentes e os mantinham na ignorância sem que eles percebessem. A letra de El General fala da opressão e miséria de um povo, e os incita à luta, à vitória, à mudança. Mas aqui, não, só queremos tchu. Ou tcha...

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