Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles trazem o filme Bacurau, alvo de críticas e elogios, que a meu ver é um alerta: Uma cidade no interior do Nordeste que de repente não se encontra mais nos mapas, e seus moradores começam a ver drones voando nos céus e uma onda inédita de turistas chegando à cidade... carros começam a ser alvos de tiros e cadáveres começam a aparecer... e a pacata Bacurau vira uma "zona de caça" para turistas.
Fazendo uma analogia entre a história de Bacurau e a atual sociedade, a politica proposta pelo Governo, as mudanças na economia, não estamos longe - nós os menos favorecidos - de nos tornarmos alvos. A política de "segurança" praticada no Rio de Janeiro já não faz diferença entre civis e bandidos. O sistema de saúde, já agonizante, não está longe de ser privatizado e abandonar de vez os pobres. A educação já é alvo de empresários que gostariam muito de que as escolas deixassem de ser um dever do Estado para com o cidadão e se tornassem um negócio.
E com toda esta exclusão social, o que restará aos menos favorecidos? O que o Estado fará com eles? Quem viu o discurso de Bolsonaro na ONU, quem ouve todos os dias os absurdos ditos pelo presidente Trump, sabe que as classes menos favorecidas estão sendo afastadas da proteção do Estado. Os cidadãos de classes um pouco mais altas já sofrem a ilusão de que quanto menos o Estado se envolver com os pobres, melhor será. Há muitos ignorantes afirmando que a causa da pobreza é a "vitimização" das pessoas.
Quando a Saúde for um negócio, quando a Educação for um produto e quando as milícias e empresas de segurança mandarem nas ruas superando a polícia, seremos alvos, não só no Rio ou em São Paulo, seremos alvos em qualquer lugar.
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