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quarta-feira, 6 de junho de 2012

O Novo Código Florestal Brasileiro

Acabei de assistir alguns discursos de um certo DVD que Kátia Abreu (senadora do PSD/TO,  presidente da CNA - Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária - e latifundiária nas horas vagas) andou distribuindo pelo país afora. Ela está lutando para a aprovação do novo Código Florestal.  A senadora alega que o texto do Código Florestal é de 1965, um tempo em que o Brasil era importador de alimentos e preservava sua madeira para queimá-la como combustível, e agora os tempos mudaram, o país não precisa preservar uma área tão grande assim (será que não?) e é necessário valorizar o agronegócio, que de acordo com ela, é o setor mais importante da economia (tenho minhas dúvidas) e é responsável por 40% da exportação brasileira.
Kátia Abreu ainda afirma que as reservas legais estão espalhadas, e esse fato impede que os animais de uma reserva se encontrem com os de outra reserva para manter a espécie (ainda estou tentando entender essa) e por esse motivo, não há razão em manter estas pequenas reservas aleatórias. Ela defende o aumento das áreas de produção para evitar importações de alimentos, e alega que talvez as ONGs tenham interesse e apoio de produtores de outros países para reduzir estas áreas de produção e forçar o Brasil a comprar alimento do exterior.

Sou leigo, não entendo nada de engenharia ambiental, mas concordo com o aumento (não exagerado) das áreas de produção, se isso vai realmente fortalecer a economia do país e evitar a importação de alimentos. Mas defendo o aumento APENAS DAS ÁREAS DE PLANTIO,  não o desmatamento de terras nativas para a criação de gado (cuja carne muitas vezes é vendida para o exterior) ou para o plantio de pinheirinhos. Aqui em Santa Catarina por exemplo, a carne de gado é cara, e não será o aumento das áreas de pasto que vai baixar o preço. O brasileiro é tão acomodado que não tem capacidade de boicotar a compra da carne bovina, o que seria o ideal. Outra coisa que vejo, e não é preciso entender o código florestal para ver isso, é o desmatamento de grandes  áreas nativas para a plantação de pinheirinho, com fins puramente econômicos, visando a produção de madeira e destruindo o solo. Talvez haja o interesse de outros países em forçar o Brasil a comprar seus alimentos, mas tenho certeza que há o interesse de grandes produtores de madeira em desmatar áreas que hoje são preservadas para lucrar com a produção de madeira. Entendo o fato de a senadora afirmar que é injusto num país onde grande parte da população ainda passa fome reduzirmos as áreas de plantio. Mas a causa da fome desta grande parte da população não tem nada a ver com a produção de alimentos, e sim, com a má distribuição da renda, cujo desequilíbrio é muito maior do que o problema da preservação da mata nativa. A senadora alega que apenas 27% do território do Brasil é ocupado para produção, e eu afirmo que apenas 10% da população do país (leia-se ricos) ficam com 80% de toda a renda nacional, enquanto que 20% desta renda tem que ser dividida entre 90% da população. Isso sim é um problema. Não adianta produzirmos mais enquanto toneladas de alimentos são jogados fora todos os dias em restaurantes chiques, e milhares de brasileiros buscam sua comida no lixo. Não é o desmatamento que vai mudar isso, e sim, bom senso e justiça. Acredito que a presidente Dilma pode segurar esta barra, e fiquei um pouco mais feliz com a notícia abaixo:

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