Abaixo, trago um excelente texto do professor Leandro Fortes, que dispensa meus comentários:
"Os analfabetos políticos já têm um bezerro de ouro para adorar. Plantado em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, o fenomenal pato de borracha montado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) tem sido um ponto de convergência simbólico para os golpistas do impeachment e da intervenção militar.
Mas, sobretudo, o Grande Pato é um emblema dos nossos tempos. Esses tempos horríveis em que o déficit educacional, aliado ao déficit de leitura em geral, trouxeram para a arena política uma multidão de cretinos armados de clichês, a maioria deles sem nenhuma noção do que defendem - ou imaginam defender.
O Grande Pato, ao qual adoram como um símbolo de combate à corrupção (sempre ela) e ao aumento de impostos, não passa de uma representação grotesca da não menos grotesca elite paulista que, como em 1964, usa a FIESP para trazer de volta seus prepostos ao poder.
Em torno do Grande Pato, 100 seguranças estão postados para protegê-lo dos infiéis. Em torno dele, a manada tocada pela mídia tira selfies, sorridente, a endossar a farsa daqueles que esperam apenas para dar um bote sobre os incautos que se esbaldam nas miniaturas distribuídas como espelhos, sinistras amostras de manipulação.
Envenenados por um processo permanente de demonização do PT, em particular, e da esquerda, no geral, centenas de trabalhadores do entorno da Esplanada dos Ministérios, justamente os mais pobres, os que mais precisam da assistência do Estado, fazem fila para ganhar seus patinhos de plástico.
Não fazem ideia, e por isso, é preciso que lhes seja dito, que o Grande Pato é, na verdade, um Cavalo de Troia de onde sairão as turbas de congressistas financiados pela FIESP para acabar com os direitos trabalhistas e reduzir o Estado a um mero contratador de empresas terceirizadas.
Porque esse Grande Pato, gordo e amarelo, foi criado para esconder as verdades que não lhe saem pelo bico. Estas que só serão reveladas no segundo seguinte ao golpe.
E aí, como em 1964, será tarde demais para se lamentar."
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