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terça-feira, 1 de março de 2016

#366Acordes - Acorde #61 - Águas de Março


#61 – 01/03/16 – “Águas de Março”
Composição: Tom Jobim
Principais Interpretações: Tom Jobim, João Bosco, Elis Regina

Águas de Março foi composta em um período turbulento da vida de Tom Jobim. As perseguições políticas da ditadura afastaram-no dos festivais da época. Ao mesmo tempo, o músico estava doente, condenado a morrer de cirrose – algo que não aconteceu... nesse turbilhão, Tom compôs um samba (que, a mim, lembra mais bossa nova do que samba, mas eu não entendo nada de música) cheio de antíteses, de altos e baixos na letra (É o fundo do poço, é o fim do caminho; É a promessa de vida no teu coração), refletindo o estado de espírito do eu lírico, mas o samba leve tornou a canção não melancólica, mas icônica. Foi eleita em 2001, numa pesquisa com jornalista e músicos do país todo, realizada pelo jornal Folha de São Paulo, como a maior canção brasileira de todos os tempos, e ganhou um lugar no livro 1001 músicas para ouvir antes de morrer. Tom gravou a canção com João Bosco, mas a versão mais lendária é com a Analu, digo, com a Elis Regina. São as águas de março fechando o verão (graças a Deus), e abrindo nosso mês de março, o mês mais fofo do calendário...

(suuuuuper foooooooooofa!!!!!!)




É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita Pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumueira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto, o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

Au, edra, im, minho
Esto, oco, ouco, inho
Aco, idro, ida, ol, oite, orte, aço, zol
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração...

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