Incidente em Antares
Erico Veríssimo
Esqueçam a pífia minissérie da emissora
dona do Acre. Incidente em Antares é o último romance publicado por Érico
Veríssimo, em 1971 (o escritor faleceu quatro anos depois; antes, ainda
publicou “Solo de Clarineta, em dois volumes). Mais um livro de Érico sobre a
história do Rio Grande de lixo do Sul, mas ao contrario do deprimente “O
tempo e o vento”, Érico escreve uma história onde consegue sobressair o humor, e humor negro, e
a crítica social e política, crítica esta ao próprio provincianismo do estado,
vejo eu. A cidade de Antares tem duas “facções” rivais, os Campolargo e os
Vacarianos – nomes deprimentes, mas não podia se esperar algo melhor no RS. Na
primeira parte do livro, um pouco mais monótona, Érico discorre sobre a
política da cidade, diante das duas facções, e a ameaça comunista – a classe
operária. Na segunda parte, bem mais interessante, é onde ocorre o incidente.
Sete mortes ocorrem numa sexta feira 13. Em virtude de uma greve de coveiros, as
pessoas – das mais diversas origens – não recebem seu descanso, e, insepultos, “retornam”
à vida para escrotizar os vivos da cidade. Um deleite de livro, um tapa na cara
da hipocrisia social e política do Brasil, uma obra fantástica – nos dois sentidos
– que disfarça lugares e fatos reais, fato declarado pelo autor no inicio da
obra, e que nos mostra o estilo crítico e sarcástico do autor, tal como seu
filho.
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