Umberto Eco entrou em minha vida por volta de 2001. Eu tinha uma amiga nerd, como eu, que vivia falando no filme O Nome da Rosa (que, à propósito, não assisti ate hoje), e falava que era fodástico, e que tinha o livro também, que tinha assassinato e mistério e Idade Média, e eu fiquei muito curiosa. Depois, com acesso à internet, fui conhecer um pouco mais sobre o italiano que havia escrito esta obra e o que ela representava para a literatura mundial. Foi somente dez anos depois, em 2010 ou 2011, não lembro exatamente, que conclui a leitura deste livro e achei fantástica a inteligência e perspicácia do escritor, milhares de anos luz acima de Dan Brown, por exemplo, que escreve gênero semelhante (e que eu leio, que fique claro), mas com uma pequenez de conhecimento de dar pena.
Depois de O Nome da Rosa, iniciei O Cemitério de Praga, numa época em que eu lia cinco, seis livros ao mesmo tempo. Este, em virtude do tamanho e da linguagem mais rebuscada, ficou para trás, mas será retomado este ano, com todas as honras.
Li também Não contem com o fim do livro, um não ficção em forma de entrevista, onde, mediados pelo jornalista Jean-Philippe de Tonnac, Eco e o também escritor Jean Claude-Carrière discutem livros, seu amor por esses objetos mágicos e os e-books, com uma sapiência e visão de mundo encantadora.
No fim do ano passado, ainda li Número Zero. O livro me decepcionou por não explorar as teorias conspiratórias, mas é um manual perfeito de (mau) jornalismo e irritou muita gente mundo afora. Ninguém melhor do que Eco para falar mau de jornalistas.
Meu sonho era poder conhecê-lo, ter um autógrafo deste homem fantástico, ateu convicto e, que mesmo assim, descreveu com maestria um monastério cristão da Idade Média por mais de quinhentas páginas. E dizer a este senhor simpático como sua escrita faz parte da minha vida, como sonho há quase dez anos em ler O Pêndulo de Foucault, ao que parece, seu livro favorito de si mesmo.
Sabia que era um sonho muito difícil. Sexta-feira, ele se tornou impossível.
Pelo menos nesta vida. Quem sabe, um dia, eu possa entrar na grande biblioteca do céu e falar tudo isso a ele.
Descanse em paz, Eco. Você será imortal em nossos corações e em nossas bibliotecas.
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