Submarino

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

#365Livros - #Livro15 - MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS





Memórias Póstumas de Brás Cubas
Machado de Assis

Não, as histórias de Machado não são legais. Pelo menos, não como um Harry Potter, um Stephen King. Mas, ao contrário de Dan Bronws da vida, que escrevem em carbono histórias de suspense desprovidas de qualquer originalidade, que agarram leitores adeptos de vidas medíocres e que se agarram em conspirações furadas, como eu, Machado escreve na desgraçada linguagem predominante no fim do século XIX no Brasil, mas escreve com uma maestria difícil de ser encontrada, até hoje. Na verdade, os romances brasileiros eram muito piores, com algumas minguadas exceções, muito mais monótonos antes de Machado. Foi ele, com Quincas Borba e o maldito Dom Casmurro, que deu ironia, realismo e qualidade aos romances brasileiros. É fundamental ler pelo menos duas obras de Machado, um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos – pelo consenso geral, o maior, mas eu tenho minhas parcas dúvidas. Com uma linguagem refinada sem ser pedante, e carregado de ironia, Machado é um ícone para quem quer escrever com crítica e inteligência, pois ele fez isso no seu tempo. E Memórias póstumas de Brás Cubas é mais um exemplo da genialidade desse homem. Em pleno século XIX, Machadão cria uma história onde o protagonista é um defunto. Pode parecer apenas engraçado hoje, mas imagine-se naquela sociedade patética do Brasil do século XIX, e vem um mulato escrevendo um livro onde o narrador dedica sua obra aos vermes que estão comendo sua carne. Isso é demais, é quase George Romero. Não espere ação e aventura. De jeito nenhum. Mas com certeza aguarde uma crítica seca da sociedade, como Machado sempre fazia, através do seu protagonista narrador, o defunto Brás Cubas, que conta sua vida de trás para frente, a partir do momento de sua morte, e segue em digressão pela sua vida. Completamente desprovido do meloso tom romântico preponderante na literatura brasileira até as ultimas décadas do século XIX, Brás Cubas é a pura critica ao ser humano, como ser social e como criatura. É o primeiro romance psicológico da literatura brasileira.

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