Pai não entende nada
Luis Fernando Veríssimo
- Um biquíni novo?
- É, pai.
- Você comprou um no ano passado!
- Não serve mais, pai. Eu cresci.
- Como não serve? No ano passado você tinha 14 anos, este
ano tem 15. Não cresceu tento assim.
- Não serve, pai.
- Está bem. Toma o dinheiro. Compra um biquíni maior.
- Maior não, pai. Menor.
Aquele pai, também, não entendia nada.
Essa é a crônica título do primeiro livro de
Veríssimo que eu li. E depois deste não parei mais. Veríssimo é disparado meu
autor brasileiro preferido, e por um motivo bem simples: Veríssimo fala de
qualquer coisa sem ser piegas, vulgar ou idiota. Veríssimo narra o cotidiano,
aquelas coisas patéticas que acontecem com todos e cada um de nós, com tanta
inteligência, com tanta perspicácia, que ouso chamá-lo de gênio. Além do pai
que não consegue entender o mundo onde sua filha cresceu – parece o Marvin –
temos as férias que dão errado, a verdade sobre o 1° de abril, e tantos outros
textos cheios de inteligência e crítica social, sem perder o bom humor.
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