Submarino

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Enzo Rossi - Consciente ou Egoísta?

        O empresário italiano Enzo Rossi ganhou as páginas de jornais europeus depois de fazer uma experiência curiosa. Dono do pastifício La Campofilone , que fatura 1,6 milhão de euros por ano, ele decidiu passar um mês inteiro com a quantia que paga aos seus funcionários. Foram 1 000 euros para si próprio e 1 000 euros para sua mulher, que também trabalha na empresa (no total, o equivalente a 5 400 reais). O dinheiro acabou em vinte dias. Rossi, então, deu um aumento a todos os funcionários do pastifício. Ele falou ao repórter Fábio Portela. 
FP: POR QUE O SENHOR DECIDIU VIVER UM MÊS COM O SALÁRIO DE UM FUNCIONÁRIO?
ER: Achei que seria educativo para minhas filhas. Tenho duas meninas, de 14 e 15 anos, que, como todos os jovens, sempre pedem mais do que precisam. Queria que elas soubessem como é a vida das pessoas mais pobres. Achei que seria pedagógico para as meninas aprender a controlar um pouco as despesas. Por isso, combinamos que viveríamos durante um mês com o salário dos funcionários do pastifício. Foram 1 000 euros para mim e 1 000 euros para minha mulher, que trabalha comigo na empresa. Tenho vergonha de confessar, mas a verdade é que não cheguei nem perto do fim do mês. Apesar de toda a economia que fizemos, o dinheiro acabou no dia 20. O meu, o da minha mulher, tudo. Faltavam dez dias para o mês terminar, e eu não tinha mais 1 euro no bolso. Encerrei a experiência e decidi dar um aumento de 200 euros aos meus funcionários. Percebi que, se o dinheiro acabava para mim, também não dava para eles. Como eles se viravam do dia 20 ao dia 30? Era impossível viver com o salário que eu pagava. 
FP: O SENHOR SUGERE QUE OUTROS EMPRESÁRIOS SIGAM O EXEMPLO?
ER: Cada um tem sua própria ética e deve fazer da sua vida o que achar melhor. Mas, seguramente, para mim valeu a pena reduzir um pouco a mais-valia e repartir os lucros com quem trabalha para mim. Gosto de ver os funcionários mais tranqüilos e felizes. 
FP: MAIS-VALIA? POR ACASO O SENHOR É MARXISTA? ER: De jeito nenhum. Sou apolítico. Aliás, a única categoria ideológica na qual me encaixo é a de egoísta. O fato de ter dado o aumento aos empregados é a prova cabal de que sou um grandessíssimo egoísta. 
FP: QUAL É A RELAÇÃO ENTRE UMA COISA E OUTRA? ER: Simples: se o salário é insuficiente, os funcionários vivem sob stress psicológico, porque não sabem se conseguirão chegar com dinheiro ao fim do mês. A mãe que precisa pagar a escola do filho, o rapaz que quer levar a namorada para comer uma pizza no fim de semana: se eles não têm dinheiro para isso, o que farão? Eles ficarão instáveis do ponto de vista emocional e, conseqüentemente, trabalharão mal. Quero que eles estejam bem para aumentar meus lucros. Por isso, posso dizer tranqüilamente que sou um egoísta. 
FP: O STRESS DIMINUI A QUALIDADE DA MASSA?
ER: Fabrico um produto de altíssima qualidade e alto valor agregado, que é – não que eu queira fazer publicidade – o Maccheroncino de Campofilone, um tipo de macarrão finíssimo, muito tradicional na Itália. Não é qualquer mão que é capaz de transformar a farinha de trigo e os ovos em uma massa tão delicada. Se o funcionário trabalha feliz, o meu maccheroncino sem dúvida fica melhor – e vende mais.
 
FP: MAS, NA PONTA DO LÁPIS, O SENHOR JÁ TEVE RETORNO FINANCEIRO?
ER: Ainda não, mas isso não vai demorar a acontecer. Já no fim do ano, vou sair ganhando com o aumento que dei aos meus funcionários. Sabe por quê? Em nossa cidade, as festas de Natal e Ano-Novo têm no seu cardápio tradicional os maccheroncini. Com a renda extra, os meus funcionários comprarão mais da massa que fabricam. As vendas vão disparar.

Queria ver essa 'turma' de ladrões (que aqui no Brasil são chamados de políticos) viverem com o salário mínimo...

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