Submarino

domingo, 4 de agosto de 2013

Man of Steel

Finalmente assisti Man of Steel. Já foi há algumas semanas, e eu estava lendo outras resenhas e críticas, e ouvindo podcasts antes de postar aqui minha opinião.

Após anos aguardando uma releitura de Superman, esperando que fizessem algo no nível de qualidade cinematográfica que existe hoje, minha espera foi recompensada. O ator Henry Cavill - que interpretou o filho do Conde de Monte Cristo na versão para cinema da obra de Alexandre Dumas – cumpriu bem seu papel, trazendo para a telona um Homem de Aço condizente com a condição de “alienígena tentando se adaptar”, pois essa é a realidade de Superman. Nolan (produtor), Goyer (roteirista) e Snyder (diretor) fizeram também uma Krypton excelente, numa mistura de tecnologia, fantasia e superioridade de raças que impressionou. A idéia de uma sociedade onde cada indivíduo tem sua função, como em uma colmeia, nos fez entender porque Jor-El não tinha influência para tentar salvar alguém além de seu próprio filho, pois ele não era um guerreiro, ou alguém influente no governo desta sociedade, era um cientista que prestava serviços e cumpria ordens, e foi rebelde o suficiente para arriscar sua própria vida e liberdade salvando seu filho e com ele o código genético de toda uma raça.



Em minha opinião, Nolan fez com Superman o que já havia feito de maneira magistral com Batman: Transformou a lenda em algo aceitável, algo em que podemos acreditar. Seria possível existir um milionário deprimido com a morte dos pais, com traços de psicopatia e excelente treinamento militar e tecnológico, que combatesse o crime nas noites de uma cidade corrupta.  E se um alienígena fosse enviado à Terra para viver entre humanos, sua vida seria uma eterna luta entre se esconder, se adaptar e tolerar a fraqueza e a soberba humanas, exatamente como foi mostrado no cinema. Nolan e Snyder tornaram isso aceitável e possível. Outro ponto positivo do filme foi a maneira de relatar alguns fatos importantes da infância de Clark sem nos cansar com uma narrativa direta, mas intercalando essas lembranças entre um acontecimento e outro, nos ajudando a entender a personalidade e o caráter do herói.



Quero combater aqui algumas críticas que ouvi e li em alguns sites e podcasts, Principalmente no JOVEM NERD. Em primeiro lugar, para entender o filme é necessário esquecer os filmes anteriores. Podemos até manter “alguns elementos” dos filmes, séries e HQs, mas vamos tomar este filme em particular como uma das primeiras aventuras, ou a primeira aventura do Homem de Aço como adulto.

Alguns integrantes do Nerdcast criticaram a troca do tema musical original pela excelente música de Hans Zimmer. Eu acho aceitável, pois se trata de uma releitura, e contanto que não seja modificada a idéia principal – o que não aconteceu – não há motivo para reclamação. As músicas do mestre Hanz Zimmer sempre são marcantes e excelentes, e tornam-se temas épicos. Achei interessante o “crescendo” empregado na melodia, que faz com que a música se relacione com o que a história é. Representa bem a trajetória do herói, e seu crescimento e reconhecimento de sua importância na salvação da humanidade.

Outro fato criticado, desta vez pelo nosso amigo Fernando Russel (Tucano) foram as mortes de pessoas comuns, civis, que ocorreram no desenrolar da história. De acordo com Tucano, a culpa destas mortes cabe ao Superman. Na verdade, é uma afirmação sem base, pois se em uma guerra entre humanos sempre há vítimas civis, é impossível que em um combate de semideuses no meio de uma cidade super populosa não ocorram mortes acidentais. Acabou a falsa idéia de que Superman pode salvar a TODOS. Ninguém pode. Ele é a esperança para a humanidade de uma maneira geral, mas, como em toda luta por paz e liberdade, haverá sempre mortos pelo caminho. Superman não é Deus, é um alienígena tentando defender um povo que nem mesmo é o seu povo. E ele estava se adaptando, conhecendo seus poderes e seus limites, não havia muito que fazer para impedir a morte de inocentes. Já no caso da morte de Jonathan Kent, Clark poderia ter corrido até ele e salvado sua vida sem ninguém perceber, mas o que o filme quer nos mostrar ali é a pressão que havia sobre o herói para que ele não mostrasse seus poderes em público, mesmo quando seu próprio pai corria risco de morte.



Fiquei impressionado pelo fato de o Jovem Nerd e o Azaghâl desconhecerem o significado do “S” da roupa do Superman. Esse fato já foi explicado em SmallVille, a série. O suposto S faz parte da linguagem de Krypton, é um símbolo representando a esperança. Como eu disse anteriormente, devemos manter “alguns elementos” anteriores, que nos permitirão evitar certas dúvidas. Como o S já existia na roupa de Jor-El, talvez fosse um brasão da própria casa de El, e tornou-se algo especial, já que o Homem de Aço foi enviado como uma esperança para a humanidade. E o nome da kryptoniana, Faora, também não foi novidade. Este nome foi usado na série já citada.



Muitos se perguntaram por que Jor-El e Lara não fugiram junto com seu filho. Eu respondo: Porque a história não é essa. Já foi um risco enviar o bebê, já foi uma sorte a nave ser encontrada pelos Kent e Kal-El ser criado por eles. Imagina que ótima recepção teria na Terra um casal de aliens e seu bebê... Outro fato que muitos desconhecem é que os pais sempre se sacrificam por seus filhos.

O general Zod era um vilão DO PONTO DE VISTA DA HUMANIDADE, pois o seu objetivo era salvar o SEU povo, criando uma nova Crypton, independente do que seria necessário fazer para isso. Ele era um militar, e agia como militar, o que justifica seus atos. Ou você acha que a humanidade não faria o mesmo com outro planeta caso tivéssemos tecnologia pra isso? Quantas vezes na história mundial vimos impérios tomarem outras terras e exterminarem outros povos apenas por ganância e sede de poder? Não existe falta de propósito no vilão, como foi dito por muitos.



Há fatos desconexos no filme? É claro que há, eu não nego isso, mas esses fatos não tornam o filme ruim. Analisando a questão da falta de treinamento do herói, e do desconhecimento de sua missão, talvez ele não desconhecesse totalmente seu propósito, mas, como sabemos, entre teoria e prática há um caminho a ser trilhado.


O filme, que foi taxado por muitos de “barulhento” e “sem enredo” é uma excelente releitura de Superman, feito para uma nova geração de fãs. Mais um sucesso de Nolan e Snyder. E mesmo que não ganhe nenhum Oscar, não deixará de ser excelente, pois o Oscar também é feito de opiniões, que nem sempre são boas. Que venha o segundo filme!

(fotos: divulgação)

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