Alicerce para um mundo novo
Pe. Zezinho
Sempre tenho os dois pés atrás com as
palavras de pessoas ligadas à religião, principalmente se essa pessoa for um
padre. Não consegui terminar a leitura de Alicerces, mas não foi porque
abandonei o livro, foi porque meu empréstimo havia vencido. José Fernandes de
Oliveira, um dos padres mais conhecidos do Brasil, antes da era Marcelo Rossi,
consegui escrever uma obra marcante, uma palavra direcionada aos jovens, em
plena ditadura militar. Lançado em 1971, Alicerces é um tratado sobre o papel
do ser humano no mundo, como ser solidário e fraterno, mas especialmente
voltado para os jovens, e embasada na Palavra, particularmente no Evangelho de
Jesus. É uma obra realmente sublime e a frente do tempo, onde o sacerdote não
mede palavras para falar das injustiças do mundo e de onde o homem está indo e
para onde vai. Receoso (para ser gentil), como a maioria dos padres, Pe.
Zezinho solicitou o cancelamento das publicações de Alicerces, segundo a versão
oficial, por rever a linguagem que utilizava. Infelizmente, ou felizmente,
palavra dita não volta. Se o padreco se arrependeu de suas palavras
visionárias, felizmente elas estão lá, apesar de difíceis de serem encontradas.
Alicerces é um livro bem raro, inclusive na internet, portanto, se você
encontrar, agarre-o.
“Há pessoas atenciosas, prestativas e
caridosas com os estranhos, mas com os próprios familiares são insuportáveis,
fechadas e duríssimas no seu modo de falar e no agir. Há jovens que andam pelas
ruas da cidade com grandes cartazes protestando contra as injustiças do mundo,
contra a violência e a opressão, mas se esquecem que na própria casa existem
pais que seriam felizes se os filhos lhes dessem uma palavra de amor, carinho e
gratidão”.
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