Acabei de assistir alguns discursos de um certo DVD que Kátia Abreu
(senadora do PSD/TO, presidente da CNA - Confederação Nacional da Agricultura e
Pecuária - e latifundiária nas horas vagas) andou distribuindo pelo país afora. Ela está lutando para a aprovação do novo Código Florestal. A senadora alega que o texto do Código Florestal
é de 1965, um tempo em que o Brasil era importador de alimentos e preservava
sua madeira para queimá-la como combustível, e agora os tempos mudaram, o país
não precisa preservar uma área tão grande assim (será que não?) e é necessário
valorizar o agronegócio, que de acordo com ela, é o setor mais importante da
economia (tenho minhas dúvidas) e é responsável por 40% da exportação
brasileira.
Kátia Abreu ainda afirma que as reservas legais estão
espalhadas, e esse fato impede que os animais de uma reserva se encontrem com
os de outra reserva para manter a espécie (ainda estou tentando entender essa)
e por esse motivo, não há razão em manter estas pequenas reservas aleatórias.
Ela defende o aumento das áreas de produção para evitar importações de alimentos,
e alega que talvez as ONGs tenham interesse e apoio de produtores de outros
países para reduzir estas áreas de produção e forçar o Brasil a comprar
alimento do exterior.
Sou leigo, não entendo nada de engenharia ambiental, mas
concordo com o aumento (não exagerado) das áreas de produção, se isso vai
realmente fortalecer a economia do país e evitar a importação de alimentos. Mas
defendo o aumento APENAS DAS ÁREAS DE PLANTIO,
não o desmatamento de terras nativas para a criação de gado (cuja carne
muitas vezes é vendida para o exterior) ou para o plantio de pinheirinhos. Aqui em Santa Catarina por exemplo, a
carne de gado é cara, e não será o aumento das áreas de pasto que vai baixar o
preço. O brasileiro é tão acomodado que não tem capacidade de boicotar a compra
da carne bovina, o que seria o ideal. Outra coisa que vejo, e não é preciso
entender o código florestal para ver isso, é o desmatamento de grandes áreas nativas para a plantação de
pinheirinho, com fins puramente econômicos, visando a produção de madeira e
destruindo o solo. Talvez haja o interesse de outros países em forçar o Brasil
a comprar seus alimentos, mas tenho certeza que há o interesse de grandes
produtores de madeira em desmatar áreas que hoje são preservadas para lucrar
com a produção de madeira. Entendo o fato de a senadora afirmar que é injusto
num país onde grande parte da população ainda passa fome reduzirmos as áreas de
plantio. Mas a causa da fome desta grande parte da população não tem nada a ver
com a produção de alimentos, e sim, com a má distribuição da renda, cujo desequilíbrio
é muito maior do que o problema da preservação da mata nativa. A senadora alega
que apenas 27% do território do Brasil é ocupado para produção, e eu afirmo que apenas
10% da população do país (leia-se ricos) ficam com 80% de toda a renda
nacional, enquanto que 20% desta renda tem que ser dividida entre 90% da
população. Isso sim é um problema. Não adianta produzirmos mais enquanto
toneladas de alimentos são jogados fora todos os dias em restaurantes chiques,
e milhares de brasileiros buscam sua comida no lixo. Não é o desmatamento que
vai mudar isso, e sim, bom senso e justiça. Acredito que a presidente Dilma pode segurar esta barra, e fiquei um pouco mais feliz com a notícia abaixo:
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