Submarino

sábado, 5 de março de 2011

Quando a liberdade de imprensa vira abuso de imprensa

Nesta primeira semana do mês de março de 2011, a menina Lavínia, de 6 anos, foi assassinada no Rio de Janeiro pela amante de seu pai. Mais um crime amaciado pelo risível código penal brasileiro, pois uma psicopata não tema menor condição de viver em sociedade. Deveria no mínimo passar o resto da vida na cadeia. Da mesma forma, mais uma vez a imprensa faz seu papel de “alarmadora” e “espalhadora” de pânico e sensacionalismo. O “caso Lavínia”, o “caso Isabela”, o “caso Bruno”, são todos frutos não de assassinos, mas da imprensa. Sim, a imprensa faz questão de distorcer sua função primordial, de informar com imparcialidade inquestionável, transformando-se em mais um veículo de entretenimento barato.
Digo isso porque vi, nesta manhã de sexta feira, 4 de março, um familiar de Lavínia no lastimável programa de Ana Maria Braga, na emissora dona do Acre. E, da mesma forma, daqui pra frente nossas televisões, sejam em qual emissora estiverem, verão uma enxurrada de “caso Lavínia” para todos os lados. Isso ajuda? Não! A imprensa SEMPRE atrapalha investigações policiais. Isso informa? NÃO! Chega um ponto em que qualquer pessoa de bom senso se cansa de ver violência a todo instante em seu televisor, em qualquer canal que sintonize. O grande problema são exatamente as pessoas desprovidas desse bom senso, que tem uma atração natural pela desgraça dos outros. Não estão nem um pouco interessadas se o código penal brasileiro é justo ou não, elas querem ter a visão do escândalo, da tristeza alheia, por que o ser humano é cruel por genética. A família não tem culpa dessa exposição, afinal está desesperada, clama por justiça, e apela, com razão, para essa camuflagem de preocupação social da imprensa geral. Estão preocupados sim com seu bolso! Com a audiência, apelando para esse senso de desgraça implícito no ser humano, e mais intensamente ainda no brasileiro. É uma pena que a imprensa, que desenvolvida corretamente, poderia ser uma arma do povo, uma voz do cidadão, mas acaba virando uma janela indiscreta aberta para todos os lados. Da mesma forma, esse povo que deveria unir-se, na internet, nas ruas, na própria imprensa, exigindo medidas realmente práticas, como a mudança ampla e urgente do código penal do Brasil, contenta-se em fazer manifestações que só causam barulho, ou pior, assistir, esparramado no seu sofá, mais uma inundação de informação inútil, para alimentar suas conversas ignorantes e patéticas com parentes e vizinhos. De fato, um país que incentiva o pior do ser humano não vai para frente mesmo.

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