Submarino

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Brilho eterno de um ser sem lembranças

Vivemos dentro de uma grande bomba relógio. Somos uma grande bomba relógio. Nossa pele é frágil, nossos órgãos são delicados. Uma facada pode nos tirar a vida. Uma queda no banheiro pode nos tirar a vida. Andar de carro é mais arriscado do que andar de avião. Sair na rua é um tiro no escuro. Você pode ser assaltado, atropelado, cair num bueiro, ser eletrocutado por um fio de poste que se arrebente, ser vitima de um tijolo que cai de uma construção. Na verdade, você pode estar tranquilamente em sua casa e um avião pode cair sobre ela. Você pode perder tudo, inclusive sua vida e as de quem você ama. As possibilidades são imensas, se forem pensadas, não podemos nem viver. A comida pode estar envenenada. O ônibus pode tombar. Seu filho pode ser seqüestrado. Enfim...

Imaginando que tudo isso pode ser contornado, imaginemos o mundo lá fora. Bem lá fora. Vivemos num sistema solar onde o único planeta-aberração é este onde vivemos. Nosso planeta é o único com um ar respirável, vegetação, uma fauna irretocável, água que era para ser abundante, terra para ser plantada, chuva, frio, calor, temperatura ideal... porque? E se o nosso planeta se tornar tão sombrio e seco quanto os outros sete? Nosso planeta já passou por inúmeras mudanças ambientais. Eras de gelo, de calor causticante, de chuva por milhões de anos a fio. Estamos entre duas eras glaciais. E aí? E se mais uma estiver chegando? Estamos simplesmente no meio do caminho, e o planeta seguira sua vida, cuspindo em todos nós. Os pontos magnéticos da Terra invertem sua polaridade mais ou menos a cada milhão de anos. E aí? Se a polaridade da terra se inverter... imaginem sua vida sem a internet. Olhe a sua volta e veja que nenhum de nós vive mais sem equipamentos eletrônicos. Saiba – se não sabe – que a eletricidade depende diretamente da polaridade da Terra. Agora imagine que essa polaridade se inverta. Talvez seja mais ou menos como botar pilhas para carregar. Só que com a polaridade invertida. Nós somos as pilhas.

Como se não suficiente tudo isso, o próprio ser humano deu conta de criar empecilhos para sua própria vida, e meios para sua própria destruição, e de tudo que está ao seu redor. Bombas que podem destruir o planeta algumas dezenas de vezes, guerras, muitas vezes por motivos torpes. Armas de fogo. Drogas sintéticas. Mal descobrem uma planta diferente e tratam de fumá-la. Na verdade, tudo que o ser humano Poe a mão se distorce. Perguntem para o pessoal do MST. Enfim, não conseguimos manter relações entre países, religiões. Alias, não conseguimos manter relações com nossos vizinhos. Eu, pelo menos.

Agora imaginem todo o universo. Parafraseando Carl Sagan, o universo é composto por milhões e milhões de galáxias. Cada galáxia é composta por milhões e milhões de estrelas. Em cada uma dessas estrelas orbitam planetas, muitos, muitos planetas. Na verdade, é muito mais provável que exista vida em algum (!) deles, do que não exista nada. Imaginem agora que o povo de um planeta qualquer resolva chegar aqui e dialogar conosco. Não conseguimos dialogar com nosso vizinho! Compramos pela internet! O que vamos dialogar com ETs?

Isso, na verdade seria muita sorte. O mais provável é que eles cheguem barbarizando, e eu vou morrer mas vou morrer rindo, porque tudo isso vai sepultar essa arrogância nauseante do ser humano, vendo-se como uma minhoca, ou um verme qualquer. Mas pode ser que, realmente, Deus, sabe lá porque, resolveu abençoar esse mundo como o único a ser sede de vida, e todas essa nossa discussão seja grande perca de tempo. E ainda há uma quarta possibilidade, quase nunca falada. Que eles saibam de nós tanto quanto nós sabemos deles.

De qualquer forma, pensando em tudo isso, ETs, guerras, planeta Terra. Chego à conclusão de que nossa vida é uma grande benção. Perdoem-me quem não crê, mas ter sobrevivido a tudo isso, evoluído tanto, ter chegado ao computador, bolsa de valores e compras pela internet, é uma grande benção do Grande Arquiteto do Universo. A maior prova disso é o que acontece hoje. O ser humano ganhou a vida e está dando um jeito de destruí-la. O ser humano é o animal mais ingrato que existe.

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