Submarino

domingo, 23 de maio de 2010

Em Tempo de Copa do Mundo...

Em tempo de copa do mundo, quero republicar aqui este texto para que possamos parar e pensar um pouco:

"Um país que crianças elimina
E não houve o clamor dos esquecidos
Onde nunca os humildes são ouvidos
E uma elite sem Deus é que domina
Que permite um estupro em cada esquina
E a certeza da dúvida infeliz
Onde quem tem razão passa a servir
E maltratam o negro e a mulher
Pode ser o país de quem quiser
Mas não é, com certeza, o meu país.

Um país onde as leis são descartáveis
Por ausência de códigos corretos
Com noventa milhões de analfabetos
E multidão maior de miseráveis
Um país onde os homens confiáveis
Não têm voz, não têm vez, nem diretriz
Mas os corruptos têm voz, têm vez, têm bis
E o respaldo de um estímulo incomum
Pode ser o país de qualquer um
Mas não é, com certeza, o meu país.

Um país que seus índios discrimina
E a ciência e a arte não respeita
Um país que ainda morre de maleita
Por atraso geral da medicina
Um país onde a escola não ensina
E o hospital não dispõe de raio-x
Onde o povo da vila só é feliz
Quando tem água da chuva e luz do sol
Pode ser o país do futebol
Mas não é, com certeza, o meu país.

Um país que é doente, não se cura
Quer ficar sempre no terceiro mundo
Que do poço fatal chegou ao fundo
Sem saber emergir da noite escura
Um país que perdeu a compostura
Atendendo a políticos sutis
Que dividiram o Brasil em mil Brasis
Para melhor assaltar de ponta a ponta
Pode ser um país de faz-de-conta
Mas não é, com certeza, o meu país.

Um país que perdeu a identidade
Sepultou o idioma português
Aprendeu a falar pornô e inglês
Aderindo à global vulgaridade
Um país que não tem capacidade
De saber o que pensa e o que diz
E não sabe curar a cicatriz
Desse povo tão bom que vive mal
Pode ser o país do carnaval
Mas não é, com certeza, o meu país"

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