Submarino

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Armadilha em Marte

2030. A nave viajara por oito meses, cobrindo os cerca de 60 milhões de quilômetros entre a Terra e Marte. Tudo correu tranquilamente durante a viagem. Desde a Curiosity em 2012, os sistemas de pouso foram bastante aperfeiçoados, e graças às fotos e informações coletadas, todos estavam tranquilos quanto ao desempenho da missão, e esperavam por um pouso sem problemas.

Uma emoção muito forte tomou conta dos quatro astronautas que agora se aproximavam de Marte, chegando cada vez mais perto do planeta vermelho nessa missão sem volta. Sem volta, sim, porque sabiam que ao menos por enquanto não havia tecnologia para promover uma decolagem em direção a Terra. Mas estavam felizes. Despediram-se de suas famílias com um aperto no peito, mas saíam do planeta Terra para entrarem na história. A expansão humana necessitava desse sacrifício.

Um americano, um inglês, um indiano e um russo: todos cientistas e pilotos, solteiros (de acordo com exigências do projeto), e dispostos a dar o máximo de si no desenvolvimento da primeira base humana em Marte.

Quando a nave já estava se aproximando da “janela” que tornaria possível sua chegada segura ao solo, uma luz fortíssima, como se fosse um flash gigante, cegou temporariamente os ocupantes da nave e desligou os motores e todo o sistema de navegação. O desespero tomou conta da tripulação, mas perceberam que a nave, embora totalmente desligada, não estava caindo, mas sim pousando vagarosamente.

O movimento cessou e tudo ficou quieto. Os tripulantes, já com seus equipamentos especiais para desbravarem Marte e sobreviverem à sua atmosfera, abriram a porta lateral da nave e desceram, mas não estavam pisando em areias vermelhas pela ação do óxido de ferro, e sim, num amplo e plano piso feito de placas que pareciam lava vulcânica petrificada. Olharam para cima e perceberam o teto, como vidro. O que houve com as imagens e os dados coletados em longos anos de pesquisa? Estariam sonhando?

Foi quando a voz soou. Não se propagou em ondas físicas, mas soou alto na mente de cada tripulante. Todos ouviram ao mesmo tempo, cada um ouviu em seu próprio idioma, e todos se desesperaram juntos, mas não havia mais volta, a armadilha funcionara. Calmamente e ao mesmo tempo terrível, a voz disse:

- Enfim vocês chegaram. E a maior prova de seu despreparo é acreditarem que são desbravadores, enquanto na verdade, são parte de um experimento. Foram enganados por seus sentidos, e aceitaram um convite a uma armadilha. Poderemos estudá-los com calma, afinal, ninguém espera pelo seu retorno.

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