Uma emoção muito forte tomou
conta dos quatro astronautas que agora se aproximavam de Marte, chegando cada
vez mais perto do planeta vermelho nessa missão sem volta. Sem volta, sim,
porque sabiam que ao menos por enquanto não havia tecnologia para promover uma
decolagem em direção a Terra. Mas estavam felizes. Despediram-se de suas
famílias com um aperto no peito, mas saíam do planeta Terra para entrarem na
história. A expansão humana necessitava desse sacrifício.
Um americano, um inglês, um
indiano e um russo: todos cientistas e pilotos, solteiros (de acordo com
exigências do projeto), e dispostos a dar o máximo de si no desenvolvimento
da primeira base humana em Marte.
Quando a nave já estava se
aproximando da “janela” que tornaria possível sua chegada segura ao solo, uma
luz fortíssima, como se fosse um flash gigante, cegou temporariamente os
ocupantes da nave e desligou os motores e todo o sistema de navegação. O desespero tomou
conta da tripulação, mas perceberam que a nave, embora totalmente desligada,
não estava caindo, mas sim pousando vagarosamente.
O movimento cessou e tudo ficou
quieto. Os tripulantes, já com seus equipamentos especiais para desbravarem
Marte e sobreviverem à sua atmosfera, abriram a porta lateral da nave e
desceram, mas não estavam pisando em areias vermelhas pela ação do óxido de
ferro, e sim, num amplo e plano piso feito de placas que pareciam lava
vulcânica petrificada. Olharam para cima e perceberam o teto, como vidro. O que
houve com as imagens e os dados coletados em longos anos de pesquisa? Estariam
sonhando?
Foi quando a voz soou. Não se
propagou em ondas físicas, mas soou alto na mente de cada tripulante. Todos
ouviram ao mesmo tempo, cada um ouviu em seu próprio idioma, e todos se
desesperaram juntos, mas não havia mais volta, a armadilha funcionara.
Calmamente e ao mesmo tempo terrível, a voz disse:
- Enfim vocês chegaram. E a maior
prova de seu despreparo é acreditarem que são desbravadores, enquanto na
verdade, são parte de um experimento. Foram enganados por seus sentidos, e
aceitaram um convite a uma armadilha. Poderemos estudá-los com calma, afinal,
ninguém espera pelo seu retorno.
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