O Discurso Confere?

É muito comum ouvirmos gestores de empresas falando sobre a importância do funcionário - que agora é chamado de colaborador - para a empresa. São muito comuns os quadros bonitos nas paredes de escritórios, onde lemos:

"VALORES:

Esta empresa valoriza o comprometimento, a competência e a capacitação profissional de seus colaboradores."

Mas quando um funcionário pede pra sair 15 minutos antes pra fazer um trabalho de faculdade, ou chegar mais cedo para uma prova, a empresa não permite. Que valorização é esta?

Ouvimos muito falar em bem estar social, e melhorias no ambiente ocupacional, mas o que vemos é a exploração contínua dos trabalhadores: Vendedoras que são obrigadas a fazer tambem a faxina das lojas após o expediente. Agências de Correios com um atendente, onde seriam necessários dois ou três. Motoristas de transporte de materiais que trabalham tambem como carregadores. Motoristas de ônibus que fazem tambem o papel de cobradores.

A implantação de um sistema como o "10Ss" japonês ou tantos outros por aí não é inválida. O problema não está no sistema, e sim, nas pessoas que o implantam. Não basta apenas escrever cartazes e encher as paredes das empresas com eles. A mudança tem que vir primeiro, e tem que ser avaliada e mantida num processo contínuo de melhoria, mês a mês. O funcionário, por mais humilde que seja, não é um idiota. Ele percebe que o discurso de seu chefe não confere com a realidade em que ele vive.

Não se engane. Reuniões, workshops, breakfasts, placas e cartazes não mudam a realidade. Enquanto aqueles que estão no topo da cadeia operacional não se importarem com seus "colaboradores", frases pintadas em cartazes não mudarão nosso cenário.