Submarino

sábado, 23 de julho de 2011

O assassinato de Francisco Ferdinando



No inicio do século XX, a Europa era um legítimo barril de pólvora. A revolução industrial havia transformado o mundo de uma maneira nunca antes vista, os armamentos haviam evoluído, a corrida imperialista estava a todo vapor. Diante de tantas mudanças, a humanidade não conseguiu passar sem uma guerra, e a maior de todas as guerras, até então. A ¨desculpa¨ usada, como normalmente aprendemos – ou deveríamos aprender – na escola, foi o assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro do trono do império Austro-húngaro, e sua esposa, Sofia, em Sarajevo. No entanto, a história é muito mais complexa do que a maioria das pessoas sabe – se é que sabe.Eu definiria a tentativa de assassinato do arquiduque – com todo o respeito à sua memoria e a de sua esposa – como uma comédia trapalhões.
Francisco Ferdinando.

História

A Bósnia e a Herzegovina tinham sido ocupadas pelo Império Austro-Húngaro em 1878 e anexadas em 1908. Muitos bósnios, particularmente os de etnia sérvia, não aceitavam a ocupação, preferindo a unificação com o Reino da Sérvia.
No final de junho de 1914, Francisco Ferdinando visitou a Bósnia para observar seu exército e para fundar um museu em Sarajevo. Normalmente em ocasiões oficiais ele não levava Sofia, com quem tinha contraído casamento morganático, já que ela vinha de uma família de posição inferior na corte. Só que em 1º de julho o casal estaria comemorando seu aniversário de casamento, o que permitiu a Sofia a viagem com o marido.
O dia do assassinato, 28 de junho, é no calendário juliano o dia 15 de julho, dia do Vidovdan, que na Sérvia se comemora a derrota sérvia perante os Otomanos em 1389 (?). Tal dia era comemorado com cerimônias patrióticas.

O assassinato

Ignorando qualquer alerta de que sua visita, e mais ainda, sua exposiçao na cidade de Sarajevo poderia ser perigosa, Francisco resolveu ¨dar um passeio¨ pela cidade. O curso exato dos acontecimentos nunca foi completamente estabelecido, muito em fato dos relatos inconsistentes das testemunhas.
O grupo anarquista Mão negra lutava pela liberdade da Servia, e, assim, decidiu dar cabo do arquiduque. Nesse dia, sete conspiradores estavam a postos para matar Farncisco. Foi o inicio das trapalhadas.
Por volta das 10 horas, Francisco Ferdinando, junto com sua esposa e comitiva, saiu do acampamento militar de Philipovic, onde o arquiduque tinha passado revista na tropa. A comitiva era composta por sete carros:

• No primeiro carro: o detetive chefe de Sarajevo e três policiais locais.
• No segundo carro: Fehim Efendi Curcic, prefeito de Sarajevo; Dr. Edmund Gerde, Comissário de Polícia de Sarajevo.
• No terceiro carro: Francisco Fernando, sua esposa Sofia, Oskar Potiorek, governador geral da Bósnia e o guarda-costas de Francisco Fernando, tenente-coronel conde Franz von Harrach.
• No quarto carro: o chefe da corte militar de Francisco Fernando, o barão Carl von Rumerskirch; Wilma Lanyus von Wellenberg, condessa e dama de companhia de Sofia; tenente-coronel Erich Edler von Merizzi, chefe ajudante de Potiorek e o tenente-coronel conde Alexander Boos-Waldeck.
• No quinto carro: Adolf Egger, diretor da fábrica da Fiat em Viena; Major Paul Höger; Coronel Karl Bardolff; Dr. Ferdinand Fischer.
• No sexto carro: barão Andreas von Morsey; Capitão Pilz; outros membros da comitiva de Francisco Fernando e oficiais bósnios.
• No sétimo carro: Major Erich Ritter von Hüttenbrenner; conde Josef zu Erbach-Fürstenau; tenente Robert Grein.
Mapa do local onde Ferdinando foi morto.

Às 10 horas e 15 minutos, a comitiva passou pelo primeiro membro do grupo, Mehmed Mehmedbašić, que tinha se colocado numa janela para atirar. O tiro não fora disparado porque Mehmed viu um policial proximo a si, e não quis disparar. O segundo membro, Nedeljko Čabrinović, jogou uma bomba no carro onde estava Francisco Fernando, mas errou o alvo, visto que o motorista do carro de Ferdinando percebeu, de alguma forma, o movimento de Čabrinović, e acelerou o carro. A explosão destruiu o carro seguinte, ferindo diversos passageiros, policiais e a multidão, e causando um alvoroço.Čabrinović, vendo o erro cometido, tentou se suicidar engolindo uma pilula de cianeto e pulando no rio Miljacka. No entanto, Čabrinović vomitou a pilula, e o rio no qual havia se jogado tinha menos de 20 centimetros de profundidade...
A comoção acabou. As pessoas e o proprio Ferdinando mostravam claros sinais de irritaçao. ¨Que bagunça, que violencia nessa cidade...¨. Mesmo irritado, Ferdinando não percebeu o recado, e resolveu novamente sair às ruas, no mesmo dia, para visitar os feridos do atentado. Gavrilo Princip, integrante do Mão negra, estava em um café, provavelmente comendo um sanduiche. Nessa hora, Gavrilo vui o carro de Francisco entando numa rua errada – na verdade, uma rua certa, a rua onde Gavrilo estava, comendo o sanduiche. Enquanto o motorista tentava sair da rua errada, Princip não perdeu tempo. Seu primeiro tiro atingiu Sofia no abdome, e o segundo, o pescoço do arqueduque. Depois de preso, Princip afirmou que seu objetivo era atingir o governador-geral Oskar Potiorek, e não Sofia. Princip tentou o suicídio, primeiro com o cianeto e depois com sua arma, mas tambem vomitou o veneno... e sua arma foi-lhe tirada das mãos antes que pudesse atirar.
Gavrilo Princip, o assassino sortudo.

Com a morte de Ferdinando, o imperio Austro-húngaro declarou guerra a Servia. A Rússia uniu-se a esta. Vendo tudo isso, a Alemanha disse: ¨Não, isso não vai acontecer...¨. Mas aconteceu, e a Alemanha declarou guerra à Rússia. Em pouco tempo, a França e a Grã-Bretanha entraram na briga, e o resto é história.

A bala disparada por Princip está em exibição no museu do castelo de Konopiště perto da cidade de Benešov, na República Checa. Já a arma de Princip, junto com o carro que o arquiduque usava na ocasião do assassinato, está em exibição permanente no Museu de História Militar, em Viena, Áustria.


Fonte: pt.wikipedia.org; nerdcast.com.br– adaptado.

Sarajevo11.jpg
Placa recordando o acontecimento, no local do assassinato.

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