Ucrânia
Kiev,
a atual capital da Ucrânia, foi o centro do primeiro estado eslavo, criado por
um povo que se autodenominava “Rus”, isso em meados do século IX.
Foi
a partir deste estado medieval que surgiram a Rússia e a Ucrânia, argumento
este utilizado pelo presidente Putin para identificar a Rússia e a Ucrânia como
povos irmãos, e que não está totalmente errado. A este estado medieval os
historiadores chamaram “Rus de Kiev”.
São
Vladimir Svyatolasvich, “O Grande”, consolidou o reino Rus, que se estendia no
território que hoje corresponde à Belarus, Rússia e Ucrânia.
A
região já foi dominada pelo Império Mongol no século XIII, foi dividida entre o
Grão-Principado de Moscou e o Grão Principado da Lituânia no século XIV, e a
partir de então, a Ucrânia sofreu influências diferentes relativas a cada
dominador. Uma parte da região oeste foi influenciada pela dinastia dos
Habsburgo, já a Crimeia teve influência dos povos gregos e tártaros, e teve
períodos sob o domínio otomano e russo.
Em
1764, Catarina, a Grande, passou a avançar sobre terras ucranianas que eram
dominadas pela Polônia. Com lo século XX veio a revolução russa e a União
Soviética, que mexeu novamente com as fronteiras e com a influência sofrida
pela Ucrânia.
Isso
resume as mudanças e influências que a Ucrânia como povo vem sofrendo ao longo
de séculos em busca de identificação e independência, sem falar do sofrimento
como Holodomor, a grande fome imposta por Stalin para forçar camponeses
ucranianos a se unirem ao regime comunista, e a transferência de soviéticos
para a Ucrânia tentando uma dominação cultural.
Quando
os nazistas invadiram a Ucrânia, muitas pessoas os tomaram por libertadores, que
os libertariam do regime de Stalin, e deram seu apoio às forças alemãs. Hoje ainda
existem muitas células neonazistas na Ucrânia, como o Batalhão de Azov,
envolvidas diretamente com o Governo da Ucrânia e que foram criadas e armadas
pela CIA na Guerra Fria, pois a CIA aproveitou-se deste sentimento de apoio ao
nazismo que surgiu durante a Segunda Guerra.
Após
o colapso da União Soviética, um tratado entre Rússia e Ucrânia definiram as
fronteiras das duas nações, mas as diferenças continuaram existindo no meio do
povo ucraniano devido às influências que sofreu sob domínio de tantos povos
diferentes, muitos ucranianos desejam retornar ao controle da Rússia, que
consideram sua pátria mãe, e outros desejam trilhar o caminho ocidental, abandonando
as tradições herdadas da velha Rus de Kiev.
Ucrânia e suas fronteiras
Rússia
e OTAN
A
OTAN surgiu em 1949 com 12 membros iniciais, Estados Unidos, Canadá, Reino
Unido, França, Itália, Portugal, Dinamarca, Noruega, Holanda, Bélgica, Islândia
e Luxemburgo, com o objetivo de frear a expansão da União Soviética, a velha
história (que é usada ainda hoje por governos autoritários para manter seus
eleitores ignorantes) da “ameaça comunista”.
O
principal fundamento da Otan é a defesa mútua, não é um acordo comercial ou
cultural ou de qualquer outro interesse, é um acordo militar. Com a queda da
União Soviética, eu pergunto: por que a Otan ainda existe?
Hoje
a Otan possui um número de membros muito maior, e cada membro investe 2% de seu
PIB em gastos relacionados à defesa. Desde o fim da União Soviética, a Otan já
incorporou a Polônia, a República Tcheca, a Romênia, a Bulgária, a Eslováquia,
a Eslovênia, a Estônia, a Lituânia, a Letônia, a Albânia, a Croácia, Montenegro
e Macedônia. A Otan se tornou uma ferramenta americana de ameaça contra a
Rússia, pois os Estados unidos possuem grande interesse nos recursos da região,
principalmente o gás.
Putin,
ex-agente KGB, assumiu o comando da Rússia em 2000, e levou 8 anos para
consolidar seu poder interno e levantar a Rússia de sua precária situação
econômica, mas em 2008 começou a reagir com mão forte para virar o jogo imposto
pela Otan.
A
Rússia sempre quis criar um cordão sanitário em volta de suas fronteiras para
evitar más surpresas, como a instalação de mísseis em áreas próximas, e por
isso Putin critica tanto o fim da União Soviética, chamando de “a pior tragédia
geopolítica da História”.
Não
podemos negar que Putin age como o novo czar da Rússia, e manipula as
informações dentro de seus muros, reprime manifestações contra seu governo e influência
até mesmo fora de suas fronteiras, como no caso das eleições americanas que
levaram Trump ao poder.
Estados
Unidos
Os
Estados Unidos têm influenciado, manipulado, invadido e destruído vários países
sempre com a desculpa de proteger os interesses do povo americano ou de levar
democracia a outros povos. Seja através da CIA, ou de invasão militar, ou ainda
com sanções econômicas e políticas, os EUA perturbam a ordem e a soberania de
países que consideram potencialmente perigosos. Mesmo hoje, enquanto criticam a
ação da Rússia na Ucrânia, os EUA mantêm forças militares em vários países como
Síria, Iêmen, Afeganistão, Iraque, Somália, Líbia e outros.
Também
através da CIA os EUA têm fomentado golpes de estado e derrubada de governos
democraticamente eleitos, como ocorreu na própria Ucrânia com Viktor
Ianukovitch, presidente pró Rússia que foi derrubado depois de intensos
protestos e ataques de grupos neonazistas como o Batalhão de Azov, todos fomentados
pelos Estados Unidos.
A
Situação Atual
O
que você, leitor, acha que os EUA fariam se a Rússia criasse um pacto de defesa
mútua com países como México, Venezuela, Cuba, Brasil, e utilizasse estes
países como base de lançamento de mísseis intercontinentais? Os Estados unidos
não interfeririam? Eu não tenho dúvidas.
Outra
questão é o pacote de sanções econômicas sofridas pela Rússia, e por outros
países que por qualquer motivo contrariam os interesses americanos, como Cuba e
China. Quando os Estados Unidos invadem países, matam supostos terroristas e
apoiam a derrubada de governos legítimos eu não vejo nenhuma sanção econômica
sendo imposta. Já ouvi defensores do sonho americano afirmando que os EUA são o
centro econômico do mundo e por isso não pode m sofrer sanções. Mas ser o
centro econômico do mundo não dá o direito de influenciar ou subjugar outros
países de acordo com sua vontade.
Neste momento a economia russa está sendo
estrangulada, as ações do principal banco da Rússia, o Sberbank, caíram 90%. A
bolsa está fechada. Os juros foram aumentados. Mesmo assim a Rússia continua
fazendo uma guerra de pressão contra a Ucrânia, cansando as defesas ucranianas
e ainda sobra fôlego para ameaçar a Finlândia e a Suécia. O presidente da Ucrânia
diz que seu exército não está cedendo, mas ao mesmo tempo afunda seus próprios
navios com medo de perdê-los para a Rússia. A situação vai se prolongar.
Principados de Rus de Kiev
Possíveis
Saídas
Mesmo
com todas as sanções impostas à economia russa, ainda demora uns seis meses
para que o sapato comece a apertar no pé russo. Acredito que seria viável a
Ucrânia tornar-se um país neutro, não participando da OTAN. Da mesma forma a
Rússia poderia aceitar a participação da Ucrânia na União Europeia, por não se
tratar de um pacto de defesa, mas sim econômico. A independência das províncias
de Donetsk e Lugansk poderiam ser reconhecidas pela Ucrânia, e um acordo de paz
poderia ser assinado.
Ou
na pior hipótese, a guerra pode se prolongar até a Rússia quebrar, o que pode
fazer com que Putin aperte o cerco antes e force uma invasão total na Ucrânia,
sendo que este fato pode acabar forçando também outros países a entrarem
militarmente no conflito, enviando tropas, levando a guerra para o patamar
mundial, o que na verdade ninguém quer, pois basta um líder “nervoso”
escorregar o dedo no botão nuclear num momento de “aposto tudo” e só Deus sabe o
que restaria da humanidade.