Submarino

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Os Miseráveis

Estou lendo a obra prima de Victor Hugo - Os Miseráveis. Que livro fascinante! Victor Hugo mostra de perto as dificuldades enfrentadas pelos menos favorecidos. A pobreza extrema, a injustiça, o desprezo. O livro nos faz chorar.

Como não torcer por Jean Valjean? Como não amar Fantine e Cosette? Que personagens maravilhosos, que beleza e pureza que eles nos passam ao enfrentarem suas dificuldades, ao chorarem e sofrerem. 

O livro foi publicado em 1862, e continua tocando os corações dos sensíveis até o dia de hoje.

Abaixo, alguns dos trechos mais marcantes:

"Enquanto esperamos, estudemos as coisas que já não existem. É necessário conhecê-las, ainda que só para evitá-las. As contrafações do passado tomam falsos nomes e gostam de ser chamadas de futuro. Este fantasma, o passado, está sujeito a falsificar seu passaporte. Coloquemo-nos a par da armadilha. Desconfiemos. O passado tem um rosto, a superstição, e uma máscara, a hipocrisia. Denunciemos o rosto e arranquemos a máscara." (Pág 550)

"Está na moda uma estranha mas cômoda maneira de suprimir as revelações da história, invalidar os comentários da filosofia e eliminar todos os fatos constrangedores e todas as questões obscuras." (Pág 555)

"Estes teóricos  (...) têm um procedimento bem simples, aplicam ao passado um reboco a que dão o nome de ordem social, direito divino, moral, família, respeito pelos antepassados, autoridade antiga, tradição santa, legitimidade, religião; e vão gritando: 'Vejam! Tomem isso, homens de bem!' Essa lógica também era conhecida dos antigos. Cobriam de cal uma novilha preta, e diziam: 'É branca'." (Pág 557)


"Esses homens que se agrupavam sob diferentes denominações, mas que podiam, todos, ser designados pelo título genérico de socialistas, tratavam de perfurar essa rocha para dela fazer jorrar a água viva da felicidade humana.
(...)
Todos os problemas que os socialistas se colocavam, as visões cosmogônicas, os sonhos e o misticismo colocados de lado, podem ser reduzidos a dois problemas principais. 
Primeiro problema: produzir a riqueza. 
Segundo problema: reparti-la. 
O primeiro problema contém a questão do trabalho. 
O segundo contém a questão do salário. 
No primeiro problema, trata-se do emprego das forças. 
No segundo, da distribuição do que se produziu. 
Do bom emprego das forças resulta o poderio público. 
Da distribuição do que foi produzido resulta a felicidade individual. 
Por boa distribuição deve-se entender, não distribuição igual, mas distribuição equitativa. A primeira igualdade é a equidade. 
Da combinação destas duas coisas, poderio público no exterior, felicidade individual interna, resulta a prosperidade social. 
Prosperidade social significa felicidade para o homem, liberdade para o cidadão, grandeza para a nação." (Pág 881)

"De onde viemos? Há mesmo a certeza de que nada fizemos antes de nascermos? A terra não deixa de ter semelhanças com uma prisão. Quem sabe se o homem não é um condenado pela justiça divina? Olhem a vida de perto. Ela é feita de tal modo que por toda parte se vê punição." (Pág 1027)