Submarino

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

#365Livros - #Livro365 - BÍBLIA



Bíblia

O jejum que eu quero é este: acabar com as prisões injustas, desfazer as correntes do jugo, por em liberdade os oprimidos e despedaçar qualquer jugo; repartir a comida com quem passa fome, hospedar em sua casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu e não se fechar a sua própria gente. Se você fizer isso, a sua luz brilhará como a aurora, suas feridas vão sarar rapidamente, a justiça que você pratica irá a sua frente e a glória de Deus acompanhará você. (Isaias, 58:6-8).

Para muitos, um recorta e cola de mitos antigos escritos em uma nova língua, para outros, um manual de instruções da vida, tal qual um manual de uma máquina de lavar ou um celular. Para muitos, com certeza, o livro mais contraditório e inacreditável de todos os tempos.

Se alguém diz que tem fé mas não tem obras, de que adianta isso? Se um irmão ou irmã não tem o que vestir e lhes falta o pão de cada dia, você diz para eles “Vão em paz, se aqueçam e comam bastante”, no entanto não lhes dá o necessário para o corpo, e que adianta isso? Assim é a fé: sem obras ela é morta. (Tiago, 2:14-17).

Um livro histórico, em primeiro lugar porque as dinastias de reis e imperadores da Palestina, do Egito, Pérsia, Roma, Oriente Médio em geral se apresenta diante dos diversos livros históricos da Bíblia. Em segundo lugar, bem, se morre e se mata por religião, ou melhor, por intolerância, por falta de noção.

Não pensem que eu vim trazer a paz a Terra; eu não vim trazer a paz, mas sim a espada. Eu vim separar o filho do pai, a filha de sua mãe. E os inimigos do homem serão seus próprios amigos. (Mateus 10:34-36).

Sua originalidade é questionada, diante dos livros limados pela Igreja Católica. O cânone judeu, no Antigo Testamento, permanece quase por completo. Eu também questiono esse livro, esse Deus que às vezes se mostra tão terrível, tão cheio de pecado, mais parece um deus grego. Diante de infinitas – e nem sempre sensatas – interpretações, só existe uma maneira de tentar entender a Bíblia e sua Palavra. Conhecendo-a.

Jesus Cristo é o mesmo ontem e hoje, e será sempre o mesmo. (Hebreus 13:8).

A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera, um meio de conhecer realidades que não se veem. (Hebreus 11:1).

Nossa luta não é contra homens de carne e osso, mas contra os principados e as autoridades, contra este mundo tenebroso, contra os espíritos do mal. (Efésios: 6:12).

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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

#365Livros - #Livro364 - CAI O PANO


 (a melhor capa ever para a melhor tradução de título ever de Agatha Christie)

Cai o pano
Agatha Christie

- Porque você tem de ter uma mente tão complicada, Poirot? Você sempre gosta de fazer tudo da maneira mais difícil. Você sempre tem de fazer as coisas mais difíceis!
 - E que agora se transformou numa mania? É isso que você diria? Talvez. Mas fique tranquilo, minhas indicações o levarão à Verdade. E talvez, então, você desejará que elas não o tivessem levado tão longe. E então você dirá: Fechem as cortinas. Que caia o pano.

Falar de Cai o Pano para mim é falar do passado, falar de coisas que perdi e não voltam mais, mas também falar de um tempo que passou, e que bom que passou! Que nunca mais volte.
Li Cai o Pano pela primeira vez aos quinze anos. Eu passava por um momento um pouco esquisito em minha vida. Eu fiquei doente e até hoje não sei porque, não sei o que tive e não sei como melhorei, mas posso dizer sem sombra de dúvida que a literatura me ajudou muito a me recuperar. Eu era quase uma criança, era então dezembro de 2004, e uma coisa muito ruim estava para acontecer. Quando paro para pensar em tudo que vivi naquele ano, me assusto, pois é inevitável não imaginar que o que sentia não era um reflexo inconsciente do medo daquela coisa ruim que estava para acontecer – e que aconteceu – e que eu nem fazia ideia de que estava acontecendo. Eu realmente me assusto. Mas não quero falar disso.
Eu sentia uma mistura de depressão e síndrome do pânico. Eu não conseguia me sentir bem. Eu tinha medo de absolutamente tudo. De ir pra escola, de ficar em casa, tinha medo do meu quarto, da sala, da cozinha, tinha medo de ir dormir, e dormindo, medo de acordar. Não conseguia dormir com a porta do quarto fechada. E tinha um medo imenso do fim de tarde. Era o momento do dia mais horrível para mim. Eu era, como disse, quase uma criança, uma adolescente. Eu tinha tempo. Não precisava trabalhar. E, por um lado, isso era horrível. A mente desocupada é um seleiro para pensamentos ruins, e eu me afundava num pessimismo e num desespero constantes. Meu pai havia perdido o emprego, e não preciso dizer como isso nos afetou, e ainda acho que a pessoa mais afetada fui eu. Sempre levei a vida a sério demais, e isso às vezes é prejudicial. Preocupava-me dia e noite com a situação da mina família, tudo para mim era motivo de desespero, qualquer coisa que acontecia eu colocava o dinheiro – e a falta dele – em primeiro lugar. Sentia-me uma inútil porque não trabalhava, porque faltavam coisas para minha família, e eu não fazia nada. E isso me destruiu. Eu queria, de uma vez por todas, que as cortinas se fechassem na minha vida.

- Porque – ela disse com uma energia súbita e feroz – é a Verdade. Pelo menos e Verdade em relação a mim. Sou uma mutilada.

Por outro lado, essa é a época da vida em que nunca mais volta. Ou melhor, volta. Na velhice. É quando você tem o bem mais precioso que o ser humano pode ter, depois do Conhecimento. Você tem Tempo. Quão maravilhoso é o Tempo quando você sabe utilizá-lo. Eu não sabia. Não sabia como aquele Tempo me faria falta. Sonhava que me tornaria uma acadêmica, seria rica e teria um futuro brilhante. É claro que nada disso aconteceu. Nossa vida se resume a uma corrida dos ratos interminável, onde a roda gira e nós corremos feito loucos atrás de que? De dinheiro, para comprar para as pessoas que amamos o carinho que não temos Tempo para dar? O computador, o carro, o celular da moda? A roupa de marca? Corremos atrás de nada. corremos atrás de uma vida vazia. É lógico que precisamos de dinheiro. Infelizmente precisamos de dinheiro. O mundo em que vivemos é assim. E atrás desse dinheiro trabalhamos oito horas por dia, gastamos mais umas duas entre ir e vir do trabalho, com grandes variações dependendo de onde você mora, mais algumas no supermercado, no banco, enfim, mas aquelas quatro, cinco para dormir, mais algumas nos alimentando – quando nos alimentamos – com a higiene pessoal, cozinhando, arrumando nossas coisas, nossa casa, e o que sobra de tudo isso? O dia de 24 horas evapora-se diante de nossa vida. A vida passa e o que fizemos? Quando nos divertimos? Quando curtimos nossa família? E nossos filhos? E nós mesmos? Quando pegamos um livro, vimos um filme interessante? Quando? Quando? Não, o trabalho não dignifica o homem. Não me venham falar no nosso trabalho para a sociedade, da nossa função como cidadão. A sociedade suga nossa vida e nós? Nós ficamos sem nada. Na sociedade onde vivemos, o trabalho escraviza o homem. O trabalho humilha o homem. Nossa necessidade de trabalhar – que, sim, é real – acabou se tornando uma obsessão.

- Essa é a parte, digamos, deprimente de lugares como esse. Hoteizinhos administrados por pessoas gentis mas arruinadas. Ficam cheios de gente fracassada, derrotadas, pessoas que nunca forma nada, que nunca será nada, que... que foram derrotadas e alquebradas pela vida, de gente velha, cansada e acabada.
Sua voz foi morrendo. Uma tristeza enorme e abrangente tomou conta de mim. Como aquilo era VERDADE! Aqui estávamos nós, um bando de gente em decadência. Cabeças cinzas, corações cinzas, sonhos cinzas. Eu, triste e solitário, a mulher ao meu lado amarga e desiludida. O dr. Franklin, suas ambições cortadas e impedidas, sua esposa com uma saúde péssima. Norton pulando atrás de passarinhos. E Poirot, aquele Poirot brilhante de outrora, um caco.

Eu, então, achando que a vida seria maravilhosa quando o trabalho me dignficasse, idiota como sempre fui, e sou até hoje, só um pouco menos, perdia meu Tempo. Tempo que não volta nunca mais. Tempo para sorrir, para estudar, ler, aprender, fazer algo pela minha mãe. Eu achava que só podia fazer algo se tivesse dinheiro. Que grande imbecil que eu era! 15 anos, e uma cabeça cinza. Tempo de plantar, de olhar, de amar. Eu perdi meu tempo, como todo mundo perde. As pessoas na dão valor ao tempo. Mas, ainda assim, eu lia, porque a literatura era meu refúgio, meu mundinho. Claro, joguei meu tempo fora lendo babaquices, como O tempo e o vento, mas serviu para e não repetir o erro. Naquela época eu ainda era escrava de uma Verdade que não existia, que só muito depois me libertei. Mas também não vou falar disso. Foi nessa época antes de começar a ler Harry Potter – e ele fez muito por mim – que eu comecei a ler Agatha Christie, como já falei outro dia. E aquela senhora que morrera 13 anos antes de eu nascer me ajudou a ser um pouco melhor. Era dezembro, e eu comecei a ler Cai o Pano.

- O que é mal? O que é bem? Essas concepções mudam de época em época. Você testaria apenas uma percepção de culpa ou de inocência. Na realidade o teste não tem valor algum.
- Não vejo como chega a tais conclusões.
- Meu caro amigo, vamos supor que um homem crê ter o direito divino de matar um ditador ou um agiota, um dedo-duro ou qualquer outro que lhe cause indignação moral. Ele comete o que você chamaria de ato culposo, mas ele considera absolutamente justo.

Confesso que, no estado de ânimo que me encontrava, talvez Cai o Pano não fosse a literatura mais indicada. Mas acabou sendo. O livro é quase um relato psicológico da Escolha. O que é certo é o que é errado O que é certo é o que é fácil. Dos livros de Agatha que já li, certamente é o mais profundo. A parte policial é nublada por essas discussões, mas não perde seu brilhantismo jamais. Talvez todos esses dilemas se justifiquem diante da missão de Agatha ao escrever esse livro. O que vou dizer não é spoiler porque já é consagrado, eu mesma li o livro sabendo o que aconteceria: este é o último caso de Hercule Poirot. O detetive morre, e talvez, por esse plot tão triste, o livro seja tão melancólico. Agatha insistia e dizer que achava Poirot um personagem chato, e que não gostava dele. Mas escreveu 34 romances protagonizados pelo belga, além das peças de teatro e dos mais de 30 contos. Conta outra, titia.... então, o cenário da morte de Poirot foi o mesmo do primeiro romance de Agatha – e primeiro de Poirot – e o primeiro lar do refugiado belaga da 1ª guerra mundial na Inglaterra. Styles. A antes gloriosa mansão agora tornara-se um decadente hotel, e Poirot se hospedara lá atrás de um assassino. Ou melhor, atrás do assassino. O assassino perfeito, como o próprio belga define. Um assassino que tem o método perfeito, e que por causa desse método, jamais pode ser pego. O livro é diferente de todos os outros romances de Agatha por um simples motivo: Poirot já sabe quem é o assassino, mas precisa impedi-lo de continuar cometendo os seus crimes. Como fará isso, se o assassino não pode ser pego? Poirot conta com a ajuda de Hastings para essa missão, já que está doente, paralítico, realmente a beira da morte. Nesse cenário, onde um Poirot quase derrotado tenta alcançar o inalcançável, Agatha passeia, com muito talento, pelos dramas humanos dos demais ocupantes da pensão. Há um momento em que Hastings participa de uma discussão sobre eutanásia, e fica evidente a intenção de Agatha em discutir sobre o certo e o errado, um conceito que pode variar tanto conforme a época, o povo, os interesses sociais. A discussão, ora explicita ora implícita, durante o livro todo alcança o ápice quando Poirot, antes de morrer, toma uma atitude que sepulta a discussão. O bem do ser humano vem em primeiro lugar.

- Cher ami! – foi o que Poirot disse para mim quando saí do seu quarto. Foram as últimas palavras que o ouvi dizer. Porque quando Curtiss foi atender o chamado do seu patrão, encontrou-o morto...

Muitos lerão este texto e julgá-lo-ão mal escrito e confuso. Sim, eu concordo. Eu ainda estou colocando minha vida nos eixos. Estou tentando fazer o certo, porque já errei demais para alguém tão jovem. Hoje sou alguém muito melhor. Mas ainda preciso melhorar. A vida não é justa. Estou cansada daquele papo otimista, que parecer reproduzir-se em velocidade ultra rápida em final de ano, onde todos desejam paz, amor, fingem gostar-se mutuamente, enchem a cara na noite de ano novo e na segunda feira tudo continua igual. Mudanças de verdade não precisam de data especial, hora marcada. Elas simplesmente acontecem. E precisamos ter coragem. Não, eu não quero que caia o pano. Eu ainda quero fazer muito por quem eu amo e por mim.

domingo, 29 de dezembro de 2013

#365Livros - #Livro363 - THE WALKING DEAD



The Walking Dead

Escrita por Robert Kirkman e desenhada por Tony Moore e Charlie Adlard, a série de quadrinhos lançada em 2003 e que conta a história do grupo de pessoas tentando sobreviver em um mundo tomado por uma epidemia onde as pessoas ressuscitam e se tornam assassinos sanguinários em decomposição, comedores de carne humana, de preferência viva, começou silenciosa e sem muito sucesso. Mas a partir de 2006, começou a fazer sucesso, até chegar ao ápice, com o lançamento da megaboga série, em outubro de 2010. The Walking Dead ressuscitou os zumbis – com o perdão do trocadilho, o quadrinho é excelente, bem escrito e desenhado, e bem realista, apesar do plot fantástico, você lê e crê que os zumbis são possíveis. Uma excelente HQ, nu mundo de quadrinhos cada vez mais desprovido de criatividade.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Jaime Lerner e a Acupuntura Urbana

Autor do livro “Acupuntura Urbana”, lançado pela Record em 2003, Jaime Lerner é reconhecido internacionalmente como planejador de cidades, e tem criado projetos focais, dentro do conceito de acupuntura urbana, como os que vêm realizando no Japão, no México, na República Dominicana, em Angola, no Uruguai e no Brasil, em Macaé, Niterói, Porto Alegre, Belo Horizonte e Florianópolis.

Em sua visão, as cidades do futuro não serão muito diferentes do que são hoje, como as cidades de hoje não são diferentes das cidades de trezentos anos atrás. O que precisa ser feito é a simplificação das estruturas. Para ele, o maior erro é separar as funções da cidade, como habitação, trabalho, recreação e circulação. Os guetos de gente pobre e gente rica, a separação das pessoas é um erro. Jaime compara as cidades a um casco de tartaruga. Se cortarmos o casco (morar em um lugar, trabalhar em outro local distante, e recrear em outro local mais distante ainda) estamos matando a tartaruga.

(foto: fabiocampana.com.br)

A cidade é uma estrutura humana, e quanto mais houver mistura de gente, mais humana ela será. O segredo é convivência, coexistência e tolerância. Grande exemplo disso é Curitiba, onde 80% da população vivem em um ambiente de vizinhança diversificada. Não só o transporte precisa ser integrado (táxis, ônibus, trens, metrôs e até bicicletas funcionando de maneira integrada, como um organismo) mas também precisa haver integração entre as pessoas. Não é à toa que Lerner abandonou a política no início de 2003 e dedicou-se unicamente a criar soluções para a urbanização. A solução para as cidades – afirma Lerner – é a sociodiversidade.

#365Livros - #Livro362 - A ILHA DO TESOURO



A ilha do tesouro
Robert Louis Stevenson

Nada como uma boa aventura para esquecermos os desânimos da vida que vivemos, mesmo que essa aventura seja vivida dentro de um livro, talvez seja até melhor, mergulhamos em nosso mundinho e esquecemos, ainda que por alguns instantes, do mundo deprimente onde vivemos. Criada para entreter o enteado de Robert Stevenson, a obra A Ilha do Tesouro praticamente criou o estereótipo das histórias de piratas, com o mapa do tesouro, o “X”, e o próprio estereótipo do pirata. O garoto Jim Hawkins é filho dos proprietários da Hospedaria Almirante Benbow, no litoral da Inglaterra. O menino passa a viver grandes aventuras em busca de um tesouro, após a chegada de um misterioso “lobo do mar” na hospedaria. Uma história para crianças e adultos viajarem no mundo mágico da imaginação.